

Canjica, cocada, pé de moleque, mingau de milho, mungunzá e muito mais. As festas juninas não seriam as mesmas sem a sua tradicional gastronomia. Mas três pratos disputam a preferência do piauiense. Arroz Maria Isabel, Paçoca e Creme de Galinha. Estes ocupam as mesas do Piauí durante todo o ano, mas em junho ganham destaque nos folguedos.
Os pratos têm uma origem cabocla comum. Nasceram da necessidade do sertanejo de transportar alimentos por longas distâncias e manter o pouco que tinha em condições de utilização. Outra característica que permanece é a de aproveitar qualquer tipo de carne para as misturas. A coordenadora do curso de gastronomia da faculdade Facid Devry, Ana Rosa Escórcio Dias destaca as características dos pratos: “Não existem receitas e ingredientes definidos. A Maria Izabel, por exemplo, pode ser feita com carne de sol, galinha, carneiro ou qualquer outro tipo de carne”.
Professora Ana Rosa Escórcio Dias destaca caráter caboclo dos pratos juninos
A tradição apresenta a mistura como único ponto fundamental dos pratos. Nessa mescla estão elementos culinários de raízes africanas. Uso de muitos temperos, de cortes de carte não definidos e grande variedade de ingredientes, entre outros traços que foram incorporados à cultura brasileira.
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Disso surgiu o arrumadinho, maior sucesso das festas juninas. Geralmente ele é composto por arroz maria isabel, paçoca, creme de galinha e outros alimentos que combinem, variando entre salada, carne diversas, macaxeira, etc. O arrumadinho também não possui uma receita definida. Ele compõe-se ao gosto do cliente. Na tradição piauiense, leva o arroz, a paçoca e o creme, mas existem variações entre os estados.
Arroz Maria Isabel e Paçoca, ingredientes e tempero ao gosto do cliente
Apesar dos traços caboclos, esses pratos já chegam às mesas de restaurantes requintados. O famoso restaurante D.O.M, do chef Alexis Atala, premiado várias vezes como melhor do mundo, possui em seu cardápio o arroz maria isabel, sendo utilizado frango na composição. Em Teresina, existem restaurante típicos com cozinhas bem montadas que servem paçocas com diversas variações de temperos. Segundo Ana Rosa Escórcio Dias, é uma forma de os restaurantes se aproximarem do gosto do público.
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Entretanto, é nas festas juninas mesmo que as comidas típicas ficam em voga. É o momento de o sertanejo compartilhar com seus conterrâneos suas riquezas. Mostrar o gado, o frango, o carneiro, a galinha, a mandioca e agradecer o fato de ter recebido todo esse alimento durante os anos em que tenta fugir da seca. Além disso, é a hora de lembrar tradições que vão se perdendo no cotidiano e relembrar de um período que ainda tem forte presença na cultura brasileira.
Nícolas Barbosa
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