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Terça-feira, 30 de abril de 2024
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Dom Inocêncio

contato@acessepiaui.com.br

19/02/2015 - 10h12

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Dom Inocêncio

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19/02/2015 - 10h12

Curiosidades: a região de Dom Inocêncio no início da década de 1970

Dados mostram como era a realidade da região há mais de 40 anos. Município só seria emancipado quase duas décadas depois.

 

 

 

Liberdade News teve acesso a algumas informações curiosas da região onde hoje fica o município de Dom Inocêncio. O período em questão era os primeiros três anos da década 1970, bem antes da emancipação do município, que viria a ocorrer somente em junho de 1988. Na época, já existia a presença da Fundação Ruralista na região. Leia as curiosidades.

 

Assassinatos

Nos primeiros três anos da década de 1970, foram registrados apenas dois casos de homicídios na região onde hoje se localiza o município de Dom Inocêncio. Um deles foi motivado por bebedeira em Barra do Bonito o outro teve motivações passionais. Na época, os autores dos crimes chegaram a ser presos e levados para a antiga cadeia de São Raimundo Nonato.

 

Prostituição

Existiam quatro prostitutas na área. Duas delas viviam em Curral Novo, uma em Barra do Bonito e outra na localidade Ladeira. Os valores cobrados por elas variavam entre 3 e 5 cruzeiros. Apesar de serem tidas como prostitutas, não havia grande discriminação, pois em Curral Novo suas filhas circulavam normalmente nas festas com as mulheres da comunidade.

 

Cidadania

Naqueles primeiros anos da década de 1970, muita gente não possuía título eleitoral no semiárido piauiense. No território inocentino, à época, somente 60% dos chefes de família [pais ou mães solteiras] possuíam o documento de votação.

 

Cansanção

Na comunidade Cansanção, distante cerca de 40 km da zona urbana, residiam 30 famílias, que totalizavam 187 habitantes e havia uma forte migração dos moradores de Cansanção para Brasília. Em 1973, 63,3% das casas em Cansanção eram de taipa e 30% de adobe, enquanto 6,7% eram feitas das duas coisas. Existiam duas pequenas vendas na comunidade. Devido ao atraso e a falta de comunicação da época, 63,3% dos chefes de família de Cansanção não sabiam sequer o nome do governador do Piauí.

 

Poço Danta

A localidade Poço Danta, distante 5 km de zona urbana, possuía 67 habitantes. Apenas oito crianças da comunidade estudavam, todas elas na escola da Fundação Ruralista. Existia uma pequena venda na comunidade.

 

Barra do Bonito

A localidade Barra do Bonito era o principal centro comercial de toda a área onde hoje fica o município, superando, inclusive, a do distrito Curral Novo, atual cidade. No local já existia a tradicional feira, e em torno dela operavam seis mercearias, seis cafezeiros e uma espécie de farmácia, totalizando 10 prédios dos 25 até então existentes no povoado. Boa parte das mercadorias era adquirida em Petrolina e trazida em carros fretados. Também existiam produtos oriundos da região, como milho, feijão, farinha, melancia, carne de bode e de porco.

 

Por causa da feira, Barra do Bonito apresentava constantes problemas de conflitos, sendo que um deles terminou em morte. Era costume os homens se embebedarem durante a feira, bebendo cachaça. Chegaram a ocorrer casos de defloramento [abusos] e estupros.

 

Delinquência Juvenil

Não existiam ocorrências de delinquência juvenil na região. Apenas em Ladeira e Ponta da Serra ocorreram casos de defloramentos, mas os autores eram de localidades baianas vizinhas que frequentavam as duas comunidades.

 

Migração e Mortalidade

A taxa de migração era de 13,6 pessoas para cada mil habitantes. Os principais centros de atração eram São Paulo com 62%; Brasília com 5,6%; Juazeiro e Remando com 5% e Petrolina e Recife com 4,4%. A taxa de mortalidade global era de 177/1000 habitantes. Em relação a mortalidade infantil, 128 de cada mil crianças morriam antes de completar um ano de vida.

 

Alimentação

Frutas e verduras praticamente inexistiam, sendo consumidas por menos de 1% da população. Somente a melancia era consumida por toda parte porque existia praticamente em estado nativo. O que ajudava bastante para completar a alimentação era a caça, principalmente do tatu verdadeiro.

 

Frota

Excetuando os veículos da Fundação Ruralista, seis moradores possuíam carros, dos quais quatro podiam ser fretados pela população. Os veículos da Fundação transportavam, gratuitamente, pessoas doentes para os hospitais de cidades próximas.

 

Costumes

A população só dançava o xote e o baião, à exceção dos que viviam nas vizinhanças da Fundação Ruralista, que já haviam aprendido a dançar o samba e o bolero. Todos os demais ficavam olhando e o salão ficava quase vazio quando se tocava bolero ou samba.

 

Gustavo Almeida

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