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Quinta-feira, 25 de abril de 2024
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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

01/12/2016 - 10h41

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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

01/12/2016 - 10h41

Pantomima política

O cenário político de Brasília virou um circo. E, diga-se, existem circos menos engraçados do que algumas comicidades do Distrito Federal. Lá, pelo desenrolar do espetáculo, não só os brasileiros estão em chistosas risadas, mas também o Mundo.

 

Quem busca compreender a história política da Terra de Santa Cruz sabe que no período Colonial, a Família Real Portuguesa, e no Monárquico, os imperadores D. Pedro I e D. Pedro II, deixaram um rico legado de trapalhadas e de atos dignos da melhor comédia pastelão.

 

Na era republicana as palhaçadas também acompanharam a historiografia política nacional. São muitos os fatos e personagens protagonistas de gargalhadas. O marechal Deodoro da Fonseca não queria proclamar a República (feita pelos monarquistas e implantada pelo Exército) porque era amigo e devia favores a D. Pedro II. A política do café-com-leite da República Velha (que provocou a Grande Marcha, em 1926, da Coluna Prestes, embrião da revolução de 1930) era um dueto (São Paulo e Minas Gerais) enfadonho e sem graça. A revolução de 1930, que elevou Getúlio Vargas ao poder, foi fruto de uma batalha que não existiu, a Batalha de Itararé.

 

Getúlio prometeu mudanças democrático-constitucionais que, por postergar em proveito próprio, irrompeu a Revolução Constitucionalista de 1932 por São Paulo. Fato que lhe fustiga a promulgar a Constituição de 1934 para eleger-se presidente constituinte, através da Assembleia Nacional Constituinte. Logo depois, outorgou a Constituição de 1937, que criou o Estado Novo, para ser ditador até 1945.

 

Em 1950, Getúlio se elege presidente e, com a crise governamental, suicida-se em 1954, que culminou com a patacoada do governo-tampão Café Filho. Juscelino Kubitscheck se elegeu em 1955 e inúmeras conspirações surgiram até a posse, inclusive judicial, defendido pelo lendário causídico Sobral Pinto.

 

Jânio Quadros saiu vitorioso nas urnas em 1960, mas, ante as forças ocultas, renuncia o posto em 1961 e assume o Palácio do Planalto o vice-presidente João Goulart. Nessa encenação, cria-se o Parlamentarismo no Brasil. O presidente petebista é acusado de esquerdista, embora sendo um rico estanceiro (fazendeiro) gaúcho, mas que prometeu as reformas de base no País. Na lenga-lenga do Brasil estar em mãos comunistas, que era uma piada, e para evitar a tal ditadura do proletariado, as Marchas da Família com Deus para a Liberdade resultaram na Ditadura Militar de 1964.

 

Os militares no poder durante vinte anos foram tragicômico. Trágico, porque o regime perseguiu, torturou, exilou e matou muitos patriotas, que só queriam a volta da democracia. Cômico, porque a caserna governando o País é mais ou menos como uma companhia de comediantes comandando um Quartel-General. Realmente é gafe e sobressalto para todo lado.

 

Aí veio a Nova República em 1985 que desaguou no Estado Democrático de Direito, por meio da Constituição de 1988, que, democraticamente, tudo ia bem, mas político-economicamente virou um caos com a hiperinflação que foi debelada com o Plano Real em 1994. FHC se beneficia politicamente do plano, mas gerou uma debacle com o seu modelo neoliberal que alçou Lula ao poder central em 2002.

 

Com Lula e Dilma a realidade do povo brasileiro mudou. Em vez da exclusão social reinante nos dois governos tucanos houve uma inclusão social jamais vista no Planeta. A economia brasileira cresceu e o PIB se robusteceu. Os programas sociais ganharam fôlego, mais e mais gente teve acesso à saúde, comida, bem-estar, educação, inclusive universitária. As minorias saíram do limbo para serem protagonistas da história da nação. Enfim, todos os segmentos produtivos ganharam.

 

Mas perderam forças políticas as elites, conservadores, direitistas, ociosos, parasitas e acomodados, ou seja, os que sempre viveram à custa do poder. E, sem maioria eleitoral para ganhar as eleições, parte desses passou a cortejar o poder petista e, em nome da governabilidade, fez parte dele.

 

Mas, como na ribalta, apenas representava na peça, ou seja, fazia de conta que era coligado. E, na primeira de copa, deu o bote, isto é, prorrompeu o golpe a favor de Michel Temer. E agora, com a queda do Geddel (ministro da Secretaria de Governo), seis ministros já foram afastados por pura paspalhada, e outros estão em via de seguir o mesmo enredo, além da incompetência, inoperância e ineficiência a toda prova, o que torna o simulacro de governo um picadeiro circense tão risível quanto o atrapalhado Mazzaropi, se fosse o presidente do Brasil.    

 

Deusval Lacerda de Moraes é economista

Deusval Lacerda

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