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Sexta-feira, 29 de março de 2024
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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

23/12/2016 - 11h06

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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

23/12/2016 - 11h06

Governo: farra dos gastos

Michel Temer, talvez pela origem libanesa e pela natural postural formal, frieza glacial, falta de emoção e vibração e a sua indefectível imperturbabilidade, tem pendores para rei, imperador, monarca, soberano. Por falta de trono no Brasil, é político de cúpula.

 

Nunca foi popular, pois como deputado federal, ao menos na última eleição, recebeu votação inexpressiva, por isso se elegeu na rabeira. No decorrer da sua trajetória parlamentar, enfiou-se na cúpula peemedebista e foi ungido presidente do partido.

 

Em permanente contato com as cúpulas das outras agremiações partidárias, elegeu-se presidente da Câmara dos Deputados. Como dirigente máximo do PMDB articulou-se para ser vice-presidente na chapa da Dilma Rousseff. No segundo mandato de vice, articulou-se com a cúpula institucional brasileira, e deu o golpe, e agora governa o Brasil no lugar da titular.

 

Mas com o povo, ele sempre foi arredio, e o povo também, diante de estilo sorumbático, nunca o animou. Para ter ideia, no momento do golpe detinha apenas 1% das intenções de voto para chegar ao Palácio do Planalto. Mas essa tênue convivência com a população se intensificou ainda mais no seu governo golpista. Pois o povo só tem levado bordoada com ele no governo ilegítimo, ineficiente e de insensibilidade popular.

 

Vai promover a reforma da Previdência arrochando o povo, quando a administração temerária dos recursos das contribuições previdenciárias foi do próprio governo federal. Ele mesmo se aposentou aos 55 anos de idade. Em contrapartida, com o seu aulicismo político crônico não abandona a casta institucional nacional que lhe dá sustentação, mesmo mostrando faceta contraditória e elitista do governo espúrio.

 

Contraditória, porque impõe limite de gastos de vinte anos ao povo, comprometendo os governos futuros e oriundos do sufrágio universal, com a famigerada PEC 241/55 da Maldade, adulterando a Constituição. Elitista, porque enquanto maltrata o povo abre as burras do erário para aumentos exorbitantes aos altos funcionários da República sem cerimônia de disfarçar o propalado ajuste fiscal. Senão vejamos:

 

O presidente Temer sancionou reajuste de até 41,4% para o Judiciário e de até 12% para o Ministério Público da União (MPU). O aumento ocorre em meio à crise econômica e a baixa arrecadação do País, depois do Congresso aprovar a redução da meta fiscal. Temer sancionou também o aumento de 47,3% para a PF e PRF. De acordo com a previsão do governo, esses aumentos terão impacto de R$ 2 bilhões em 2017.

 

Michel Temer aumenta o número de cargos comissionados em 1,4 mil em três meses. Ou seja, Temer extinguiu cargos de chefia do governo federal e criou outros. Há quem veja nisso o aparelhamento do Estado. Os gastos do governo com cartão corporativo aumentou nos últimos quatro meses. Desde que Temer assumiu a Presidência, o Poder Executivo gastou mais de R$ 29 milhões com os cartões.

 

O Sistema de Administração dos Recursos de Tecnologia da Informação (SISP) – órgão que cuida de boa parte da área da TI do governo federal – anunciou que vai deixar de usar software livre para adquirir soluções da Microssoft, ao custo de R$ 500 milhões.

 

Ministros do governo ignoram normas e fazem 238 viagens pela FAB sem as devidas autorizações. Titulares da Esplanada usaram aviões oficiais 781 vezes na atual gestão, em quase 1/3 delas teriam descumprido lei e decreto que restringem a utilização.

 

Para garantir apoio e quórum para a votação da PEC 241 na Câmara dos Deputados, Temer ofereceu jantar para mais de 200 parlamentares, ao custo de ao menos R$ 50 mil.

 

O Senado vai pagar R$ 283 mil para reforma – fornecimento de insumos e serviços comuns de engenharia para reformas e obras – do gabinete de Romero Jucá, líder do governo no Congresso Nacional.

 

O governo aumentou os gastos com publicidade. Ora, se não fez nada vai mostrar o quê? São peças publicitárias na grande mídia para convencer o povo do ajuste fiscal, ou melhor, para o povo aceitar candidamente a sua própria degola, além de agradar os barões da imprensa e do golpe.

 

A corte temerista gastou R$ 500 mil com show de samba. O evento aconteceu no Palácio do Planalto para 600 convidados e com a apresentação de Neguinho da Beija-Flor, entre outros sambistas. Fafá de Belém cantou o Hino Nacional.

 

 

Assim caminha a República do Temer. E de contradição em contradição, deduz-se que definitivamente não é governo do povo; o ajuste fiscal é um despiste para encobrir inapetência governamental; e o próprio governo – que tem autoridades e aliados processados, denunciados e incriminados – faz mimos salariais á cúpula republicana para angariar a simpatia dos seus apoiadores e julgadores. O governo desalenta o povo brasileiro!

 

Deusval Lacerda

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