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Editorial

contato@acessepiaui.com.br

21/02/2017 - 14h17

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Editorial

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21/02/2017 - 14h17

O buraco é mais embaixo na relação W. Dias e Ciro Nogueira

 

Os desdobramentos da Lava Jato poderão ser  um divisor de águas entre o senador Ciro Nogueira (PP) e o governador Wellington Dias (PT). Por enquanto, Ciro vai ganhando a parada, exatamente porque o governo Temer, seu maior aliado, vem fazendo de tudo para deter o avanço da Lava Jato e esta permaneça fazendo estrago apenas nos petistas, principalmente em Lula, deixando protegidos da lama lideranças do PP, PMDB e do PSDB. 

 

Nesse cenário, o senador Ciro Nogueira, que preside o PP - um dos partidos envolvidos até o pescoço nos esquemas de corrupção que vem sendo investigados pela Lava Jato  - por enquanto conta com certa proteção, pois mesmo já denunciado no STF, poderá adiar julgamento contra ele já que possui foro privilegiado, sem falar que as estratégias de Temer e do PMDB, em conluio com o judiciário e a mídia conservadora, poderão "estancar a sangria da Lava Jato". 

 

É fato que o governador Wellington Dias precisa de Ciro Nogueira para abrir algumas portas do governo federal e trazer recursos para o Estado. Enquanto Ciro precisa do governador caso as estratégias dos adversários petistas não vinguem e o ex-presidente Lula concorra as eleições de 2018. É que quanto mais a Lava Jato chafurda a vida de Lula mais ele cresce nas pesquisas, isso porque aumenta a sensação junto ao povo que Lula vem sofrendo perseguição.

 

Quem não lembra quando Ciro Nogueira foi candidato ao senado em 2010, com apoio de Lula, quando naquela ocasião o ex-presidente viu em Ciro a possibilidade de derrotar Mão Santa e Heráclito Fortes? Ciro já pulou de FHC para o Lula, deste para Dilma, desta para Temer. Não será novidade que queira estar de braços dados com Lula e Wellington, caso o ex-presidente recupere a sua popularidade e, principalmente, tenha sucesso nas eleições de 2018.  

 

Se existe um pré-acordo entre Wellington Dias e Ciro Nogueira para a eleição de 2018 este para vingar terá que passar ainda por sobressaltos e testes. É que as 77 delações da Odebretch ainda não foram divulgadas e estas deverão ampliar o número de políticos atingidos pela lama, inclusive a maioria do governo Temer, sem falar que políticos dos estados e municípios que também  terão respingos de lama. 

 

Enquanto isso Ciro Nogueira já aspirou o PTB de João Vicente Claudino e agora por último aspira o PSDB do prefeito Firmino Filho, inclusive trouxe até a primeira dama do município, Luci Silveira para o bloco do PP. O senador continua colocando muita gente debaixo do seu guarda-chuva, só que o espaço tá ficando pequeno e será cada vez mais incerto para quem imagina fazer campanha em 2018 com facilidade nos municípios e fartura de recursos para irrigar seus projetos políticos. 

 

O problema é que a conjuntura não está fácil prever quais os seus desdobramentos. Veja que no passado, Lula já foi quase unamimidade na preferência da maioria do povo brasileiro, dos partidos, inclusive dos conservadores. A partir do segundo mandato do governo Dilma Rousseff, Lula passou a ser visto como a Geni da música do Chico Buarque. Inclusive, pedras, panelas batidas e achincalhes das redes sociais e paus da mídia conservadora já foram jogados a exaustão e ainda continuam contra o ex-presidente. Foi só o PMDB ser contemplado com o golpe parlamentar contra Dilma que a opinião pública começa a perceber que tem alguma coisa errada, que a "ponte para o futuro" não tá preservando empregos, está cortando programas sociais, direitos conquistados e protegendo muitos bacanas escolados em corrupção. 

 

No Piauí, Wellington Dias, por possuir uma desenvoltura e o relacionamento político superior ao da então presidente Dilma, tem tido sucesso em manter as forças políticas que o elegeram em 2014 e ainda andar de braços dados com lideranças do PMDB que lhe fizeram oposição naquela disputa. Sabe ele que mesmo que haja um racha na sua atual base de apoio, poderá contar na reeleição de 2018 com lideranças de peso que não fecharão com o projeto político do senador Ciro Nogueira. O governador também sabe que não existe governabilidade sem uma coalização de partidos e lideranças que deêm sustentação.

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