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Sexta-feira, 26 de abril de 2024
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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

22/03/2017 - 08h37

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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

22/03/2017 - 08h37

A reprovação do golpe

A ascensão do petista Luiz Inácio Lula da Silva ao Palácio do Planalto, em 2002, deu-se em razão do fracasso do modelo neoliberal tucano-peemedebista que gerou governos repletos de mazelas políticas e ainda por cima de exclusão social, bem ao gosto do que atualmente está sendo reproduzido pelo governo golpista de Michel Temer.

 

Na chamada Era FHC, segundo o estudo “Estabilidade inaceitável: desigualdade e pobreza” do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o Plano Real aumentou, de 1995 a 1999, o número de pessoas pobres no Brasil em 3,1 milhões, ou seja, aumentou o percentual de pobres para 34% da nossa população nesses quatro anos.

 

Nos oito anos do governo tucano, nada aconteceu para mudar a vida dos mais miseráveis, cujos filhos nascidos nos seus últimos cinco anos contribuíram para engrossar a linha de pobreza. Com isso, os pobres passaram a somar 53 milhões de pessoas, sendo 22 milhões de indigentes, isto é, com renda mensal que não ultrapassava 60 reais.

 

Foi nesse quadro que o cientista social francês Jean Ziegler visitou o Brasil com vistas à elaboração do Relatório de Desenvolvimento Humano das Nações Unidas e, estarrecido com a desumanidade social, enervou as autoridades econômicas tupiniquins, por constatar que a fome aumentava consideravelmente no Brasil e que milhares de pessoas disputavam comida com os urubus nos lixões dos grandes centros urbanos brasileiros, em razão do recrudescimento da miséria causado pelo governo de Fernando Henrique Cardoso.

 

Tanto era verdade que, em 2001, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) aprovou, por unanimidade, o texto “Exigências evangélicas e éticas de superação da miséria e da fome”, na sua 40ª Assembleia Geral dos Bispos do Brasil, em que acusava o governo federal de praticar políticas compensatórias, que apenas diminuíam os índices negativos da sua imagem, mas que a injustiça social assumia proporções de ofensa a Deus.

 

Na esteira dos compromissos assumidos por Lula com o Brasil, em 2002, também contava com o projeto de deslocamento de parte das águas do Rio São Francisco, nomeado “Projeto de Integração do Rio São Francisco com Bacias Hidrográficas do Nordeste Setentrional”, prevendo a construção de mais de 700 quilômetros de canais de concreto em dois grandes eixos (norte e leste) ao longo do território de quatro Estados (Pernambuco, Paraíba, Ceará e Rio Grande do Norte) para o desvio das águas visando o desenvolvimento regional.

 

E em pleno dia 19 de março, data alusiva a São José, como uma dádiva divina, o povo da cidade de Monteiro (PB) e diversos municípios paraibanos receberam os ex-presidentes Lula e Dilma, de forma apoteótica, para celebrar a inauguração da sonhada Transposição das Águas do Rio São Francisco, em mais uma ação pública revolucionária contra a fome, a pobreza e a miséria do Nordeste brasileiro, região tão esquecida, ao logo da história, pelas autoridades centrais do País.

 

Assim, o povo da Paraíba reprovou de forma efusiva o governo ilegítimo de Temer, agora com a ordem dos fatores invertida, pois sob a égide golpista peemedebista-tucana, mas que não alterou o produto da Era FHC em razão do governo espúrio atrofiar a democracia, reduzir os investimentos nos setores cruciais do crescimento econômico, gerar pobreza, eliminar direitos sociais, desmontar o Estado, privatizar e desnacionalizar o patrimônio público, desacreditar o Brasil nos órgãos multilaterais e apequenar-se no concerto das Nações.   

 

*Deusval Lacerda de Moraes é economista

Deusval Lacerda*

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