Um dos principais problemas vivenciados hoje em grandes cidades é o aumento descontrolado de animais de rua, o crescimento em centros urbanos é exponencial e alarmante. Segundo a Organização Mundial de Saúde, no Brasil existem mais de 30 milhões de animais abandonados, entre 10 milhões de gatos e 20 milhões de cães.

Em metrópoles, a proporção é que aproximadamente para cada cinco habitantes há um cachorro, destes, 10% estão abandonados, sendo que, em cidades menores, a situação não é muito diferente, o número chega a 25% da população humana.Tal situação trás problemas complexos ás cidades, seus moradores e aos animais; Acidentes ocasionados por animais, transmissão em larga escala de doenças de cunho zoonótico, e o sofrimento a longo prazo dessas criaturas abandonadas. Veja no gráfico abaixo, o número de acidentes ocasionados por cães em 2013 no Brasil, dado mais recente.

A organização World Animal Protection, organização internacional que vem tentado proteger animais no mundo inteiro, lançou recentemente um mapa interativo que avalia as políticas de bem-estar e conservação animal de 50 países. Dentre os países que se destacaram como os que mais respeitam os animais estão: Austrália, Nova Zelândia , Reino Unido e Suíça. E os que menos respeitam; Azerbaijão, Bielorrússia e Irã. O Brasil  foi aprovado sem louvor, levamos um C no boletim, não conseguimos nota A em nenhum dos critérios de avaliação e nosso pior desempenho foi um E em educação (Acesse: https://www.worldanimalprotection.org.br) , mas é  realmente difícil imaginar que um país em que as autoridades pouco respeitam as pessoas, irá respeitar os nossos animais.

Muitas nações vêm adotando práticas que tem diminuído drasticamente o número de animais de rua, um desses países é a Holanda, que obteve o impressionante título de não ter cães de rua. Com medidas simples e eficazes obteve sucesso, tais medidas vão desde a educação de suas crianças conscientizando-as do cuidado e respeito que devem ter pelos animais , bem como na implantação de um sistema legal rígido voltado a proteção animal, a mais importante “prole” deste sistema é a Lei de Saúde e bem-estar animal, que trás em seu texto duros códigos.

O descumprimento trás punições de até 17 mil euros, aproximadamente (56 mil reais) ou 3 anos de prisão para qualquer pessoa que atente contra um animal de estimação, além disso, o governo estabeleceu medidas de prevenção, como campanhas de esterilização , como a castração por exemplo, evitando que os cães passem a viver nas ruas. É uma maneira plausível de se buscar um controle sistemático de animais de rua, devendo sempre observar os parâmetros de responsabilidade no método e bem-estar dos animais submetidos a tal procedimento cirúrgico. Algumas vantagens da castração podem ser enumeradas; a castração significa a eliminação cirúrgica dos dois testículos (machos), assim se a possibilidade de que o seu cão venha a sofrer de câncer testicular; no caso das fêmeas, evitará as doenças do útero e os incômodos que surgem do sangramento quando ela estiver no cio; protege o seu cão do câncer de próstata; nas fêmeas, a castração ajuda a evitar a aparição da gravidez psicológica; além do mais tem se observado uma diminuição significativa da agressividade de cães machos castrados.

A castração, portanto, é um dos métodos que podem ser eficazes no controle populacional de animais em grandes metrópoles, e tal método não trará malefícios ao animal em comparação aos benefícios que podem lhes trazer e também à sociedade , cabe as autoridades políticas, profissionais de saúde , especificamente os médicos veterinários, além da sociedade, somarem forças para vencerem esse embate dando condições de bem-estar aos nossos animais, através de medidas educativas, leis rígidas e aplicáveis e a criação ainda mais de entidades protetoras dos animais.

M.V . Msc  Railson S. Santos

Médico Veterinário