Os tucanos após encerrarem a reunião dessa segunda-feira, 12/06, que decidiu pela permanência apoiando Michel Temer, descobriram que já estavam fritos, então resolveram esticar sua permanência no óleo quente.

Com isso, o PSDB acorrentou sua reputação —ou o que resta dela— a um governo em franca erosão moral. Fez isso sob a alegação de que está preocupado com o país e com as reformas econômicas. O patriotismo reformador tornou-se uma espécie de pé-de-cabra ideológico. Abre as portas para todo tipo de aliança e maracutaia praticada em nome da "governabilidade".

Os diálogos de Aécio Neves com o delator Joesley Batista ofereceram ao tucanato 2 milhões de motivos para expulsá-lo. A presença de Geraldo Alckmin, de José Serra e do próprio Aécio no escândalo da Odebrecht já intimava a legenda a adotar providências saneadoras. Ao se fingir de morto, o PSDB repete o erro que cometera com Eduardo ‘Valerioduto’ Azeredo. E estimula na plateia a suspeita de que é a corrupção que aproxima o PSDB do PMDB, não o interesse público.

Num cenário decente, político pilhado em escândalo como a Lava Jato é expurgado do partido ofendido. Quando isso não acontece, é o partido que ofende o eleitorado. Se o partido vincula-se a outra legenda ainda mais apodrecida, o propósito não é o de combater a bandalheira, mas institucionalizá-la.

O PSDB ainda se considera a medida de todas as coisas. Mas as pesquisas presidenciais indicam que o eleitorado já está adotando outros sistemas de medição.O mais irônico é que os tucanos se abraçam a Temer sem levar em conta que o PSDB nasceu de uma dissidência que abandonou o PMDB para não chamar bandoleiro de companheiro.

Ao fazer sua opção preferencial pelo vexame, o tucanato reforça dois ensinamentos: 1) quem sai aos seus não endireita; 2) em política, nada se cria, nada se copia, tudo se corrompe. 

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Josias de Sousa é jornalista e blogueiro do Uol.