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Sexta-feira, 29 de março de 2024
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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

07/07/2017 - 19h20

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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

07/07/2017 - 19h20

Governo em liquidação

O problema da direita brasileira é que o seu infausto passado estraga o presente e compromete o futuro. No passado, foi escravocrata, nobiliárquica, coronelista, oligarca, autoritária e elitista-conservadora. No presente, golpista, camufladora do Estado Democrático de Direito. 

 

E compromete o futuro porque, com o presente em dissimulada prática do passado, afugenta o apoio dos segmentos sociais e tenta manter-se no poder com ostensiva manipulação da máquina pública a serviço do fortalecimento governamental, que, no atual estágio, coloca o governo em liquidação.

 

Liquidação é um termo muito utilizado no âmbito comercial, que se trata de uma venda retalhista de mercadorias a preços muito reduzidos, levado a cabo no comércio por motivo de cessação, falência, remodelação ou mudança de instalação, entre outras razões.

 

No âmbito do governo ilegítimo de Michel Temer, a liquidação se dá para evitar a cessação ou falência da governança, através da cassação do mandato pelo Congresso Nacional, que, assim, oferta elevada quantidade de emendas parlamentares, em inegável retalhamento, no varejo, para obter os votos do chamado baixo clero para a sustentação do governo nas duas Casas Legislativas.

 

Para ilustrar, de janeiro a maio deste ano, o governo golpista havia empenhado apenas R$ 102,5 milhões em emendas. Agora, só no mês de junho, com a denúncia de corrupção passiva promovida pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra Temer e que tramita na Câmara dos Deputados, o governo espúrio já liberou R$ 1,8 bilhão de emendas parlamentares.

 

O pior é que a direita inventa coisa, faz estripulia de todo jeito e dá tudo errado. Iniciou-se com o golpe parlamentar-constitucional-judicial. Para tanto, boicotou o governo anterior no Congresso para recrudescer a crise econômica, como um dos motivos para a aplicação do golpe.

 

Em seguida, com a recessão econômica, para agradar o rentismo e o capital selvagem nacional e estrangeiro, inventou, em nome do equilíbrio fiscal, a PEC dos Gastos, com cortes e congelamento nos setores e programas sociais, aprovou a precarização (terceirização) do trabalho e atacou os direitos dos trabalhadores mais pobres. Em contraposição, aumentou as despesas com o funcionalismo público federal, para ser bem recebido, e agora abriu as burras do tesouro da União para tentar salvar a pele.

 

O pior é que são emendas aleatórias, de afogadilho, de qualquer coisa, em qualquer lugar, de qualquer valor. Ou seja, em mercado de liquidação do governo, para satisfazer a necessidade e a ganância parlamentar em proveito governativo momentâneo e deixando o problema de ordem financeiro-administrativa para quem o povo eleger.

 

Assim posto, fica difícil tratar-se com seriedade de alguma coisa sobre o Brasil, porque, ultimamente, não se vê exemplo que realmente no comando do País se tenha alguém sério tratando de alguma coisa com seriedade. Dito isso, quando se está na situação de que nada vai dar certo, sempre é bom lembrar do velho bordão do Deoclécio Dantas: É uma lástima Chico Paulo!

 

*Deusval Lacerda de Moraes é Economista

Deusval Lacerda*

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