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Quinta-feira, 25 de abril de 2024
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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

21/09/2017 - 09h17

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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

21/09/2017 - 09h17

A direita desalmada

A direita brasileira é, talvez, o sistema governativo mais atrasado, insensível e improdutivo da América Latina. Com raízes fincadas no período do Brasil Colonial, é herdeira do indolente domínio português, que impôs uma cultura dominativa calcada em vícios e privilégios da classe dirigente em desprezo dos estratos identitários que compõem a nacionalidade.

 

Evidente que esse tipo de governação não há de prosperar nos tempos atuais. Os tempos hodiernos exigem correção de rumos. Ocorre que a direita nativa, refratária das mudanças e transformações que requerem a atualidade, insiste no velho “feijão com arroz” dos tempos idos. Daí patinar no governo do golpe parlamentar-constitucional-judicial que instalou no Brasil.

 

O que prova, dessa maneira, que não tem mais condições de governar o País. Os seus erros e defeitos são os mesmos de outrora, que só fazem repetir-se através dos tempos e que na atual quadra globalizante não são mais permitidos. A direita nacional sofre da miopia do ainda começo da República.

 

Ela continua a fazer coisas inconcebíveis e inaceitáveis. Reitera seu ciclo histórico-republicano como se o Brasil e o povo brasileiro estivessem parados no tempo. Não consegue enxergar um palmo diante do nariz, caso contrário saberia que o que está fazendo agora, de forma impopular, não teria cabimento.

 

A primeira coisa. Sem voto, porque sem crédito perante a Nação, pois não poderia utilizar-se de excrescência institucional para implantar o golpe no poder central do País como se fosse coisa normal.

 

A segunda coisa. No poder, jamais poderia desconsiderar que, no Brasil, ou se governa para todos ou não existirá governo nacional. Não tem mais vez governo de elite ou da classe abastada contra os interesses da população.

 

A terceira coisa. Não se admite mais se exercer o poder no Brasil como se tal prática por si só já demonstrasse a força e distinção dos governistas sobre as demais camadas da sociedade, quando o exercício do poder exige sacrifício daquele ou daqueles que assumem compromissos com a Nação.

 

A quarta coisa. A direita tupiniquim tem de esquecer os seus métodos esdrúxulos e inconsequentes para suprir o seu distanciamento com o povo brasileiro, como no caso do Coronelismo na República Velha; o Estado Novo na Era Vargas; a Ditadura Militar par interromper a democracia brasileira; e o atual golpe para cercear o vigente Estado Democrático de Direito promulgado na Constituição de 1988.

 

Enfim, a direita brasileira precisa tomar juízo, e ver que os tempos são outros. O Brasil possui 207 milhões de habitantes conectados entre si e com o mundo. Não cabe mais o sistema governativo republicano sucedâneo dos quase quatrocentos anos dos ciclos colonial e imperial. Compete à direita brasileira para sobreviver politicamente passar por profunda reciclagem, como ocorreu com a direita europeia no Pós-Guerra. Mas falta à direita verde-amarela a consciência e a dimensão de que atualmente representa o que há de mais retrógrado da política moderna.

 

Deusval Lacerda de Moraes é economista 

   

Deusval Lacerda

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