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Quinta-feira, 18 de abril de 2024
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Cotidianos

washingtonfilho13@hotmail.com

30/05/2015 - 10h53

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Cotidianos

washingtonfilho13@hotmail.com

30/05/2015 - 10h53

A quem recorrer?

 

O mês de maio no Piauí encerra em meio a um clima de revolta, reflexão e tristeza. Evidencia o quanto ainda estamos à mercê da violência que, a cada novo caso, possibilita perceber que todos os limites de crueldade ainda podem ser extrapolados. Exatamente no mês de maio, dedicado culturalmente às noivas, às mulheres, às mães, e religiosamente - para quem é cristão-católico - à Virgem Maria, recebemos a notícia acerca da violação a quatro adolescentes na cidade de Castelo do Piauí, a 190 km da capital, Teresina.

 

As garotas foram agredidas, violentadas e amarradas por cinco homens, um adulto e quatro menores de idade. Não satisfeitos com tamanha agressão, arremessaram as meninas de um penhasco. Os culpados foram presos e estão sob a ação da Justiça. As vítimas seguem lutando pela vida. Uma delas está em estado grave após sofrer traumatismo craniano por conta das agressões.

 

O episódio causou revolta no município e acendeu a chama para muitos questionamentos. O principal dele é sobre o sentimento de insegurança que vivemos. Pensamos usufruir de uma liberdade garantida pela Constituição Federal, afinal, temos o direito de ir e vir a qualquer lugar e a qualquer momento. Mas como gozar desse benefício se as ruas nos impõem medo e constante estado de tensão? Haja vista não ser novidade casos de assaltos e mortes praticados sem pudor até dentro de casa, local, no qual, a priori, pensamos estar seguros. É uma liberdade velada, pseudo, vivida e atenta aos atos violentos, seja de qual natureza for.

 

Além da insegurança, o ocorrido em Castelo nos volta o olhar para o ser humano. Até que ponto chega? Humilhar, espancar, pôr em prática atos que extrapolam a essência da humanidade, capazes de deixar uma cidade, um Estado em choque, atônitos com tanta brutalidade. Efeitos de drogas? Déficit na educação? Falta de oportunidades de trabalho? Natureza humana? Falta de amor, de acreditar no outro? São tantos os porquês! É incessante a busca por justificativa quanto ao direcionamento da responsabilidade: do estado enquanto governança? Da ausência de instâncias ressocializadoras voltadas a quem comete crimes? Da família enquanto instituição social mais antiga? Ou não há culpados? Não há responsáveis? Ou seria interessante explicar mediante respostas subjetivas: a culpa é do sistema!?

 

Após os holofotes midiáticos dados ao acontecimento, os questionamentos devem permanecer. O cansaço, por vezes exaustivo, à procura de respostas plausíveis não deve desanimar na peregrinação, pelo contrário, dará mais ânimo e lucidez ao ponto de encontrarmos, com rigor, os verdadeiros culpados. Um deles pode ser antecipado e está distante de aspectos políticos e econômicos: a crença no outro.

 

Ver o outro enquanto agregador, um ser cuja contribuição pode ser fundamental à formação de qualquer indivíduo. Perceber no outro a soma, os valores, as vivências... A vida humana pulsa latente e deve ser, sempre, valorizada e respeitada. Só assim, quem sabe, iremos respirar aliviados e fazer valer a liberdade garantida a nós, mas tão procurada e, ainda, bastante difícil de ser encontrada. 

Washington Moura Filho

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