Prestes a completar 8 anos de idade, Ernesto me fez a primeira pergunta sobre seu futuro profissional: Pai, quando eu crescer não sei se vou ser carteiro ou assim tipo um Maurício de Souza. O que o senhor acha?  Não sei filho, respondi. O que você decidir papai apoia.  Alguns dias depois ele completou sua decisão.  Vou ser roteirista!

Sabendo eu que ele é um leitor assíduo apesar da pouca idade e tendo acompanhado as histórias criadas por sua mente fértil, me enchi de orgulho, apesar de tal sentimento ser infundado ou melhor, estar ameaçado pelos meios que ele será exposto através dos anos. Mesmo assim me dei ao luxo de viajar nessa história.

Roteirista? O profissional que é também chamado de Guionista ou Argumentista, que tem a tarefa físico-primordial de qualquer projeto cinematográfico? Que faz o rebuliço dos pensamentos se transformar em textos compassados onde se cria, se mata e se ressuscita? Que atribui características físicas, personalidades e comportamentos a personagens?

O operário do antes que mesmo tão invisível fez uma greve que gerou prejuízo de 500 milhões, fez despencar a audiência das TVs norte-americanas de forma tão alucinante que jamais voltou a ser a mesma e que sem imaginar favoreceu o surgimento dos programas sem roteiro, os chamados Reality shows?

Sim, roteirista! Tô rente, compro a briga junto com você filho.

Pra falar de forma simplista sobre sua obra, ela é dividida em 3 atos: Apresentação, Conflito e Resolução. Ou pra ser ainda mais simples, Começo, Meio e Fim. Tudo ocidentalmente baseado na poética de Aristóteles e nos estudos de Campbell sobre a Jornada do Herói. Jornada essa que nosotros vamos vivendo.

Quanto a mim aprovo a tenra e frágil decisão do Ernesto, pois é justa e bela. Além de que tudo aparentemente começa no roteirista, até a vida. Atravessarei  então os anos esperando entre o Carteiro e O Poeta.

Como diz o mestre:

“A câmera não faz diferença nenhuma. Todas elas gravam o que você está vendo. Mas você precisa Ver”

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