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Quinta-feira, 28 de março de 2024
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Magnus M. Pinheiro

mag-pinheiro@hotmail.com

13/01/2016 - 22h47

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Magnus M. Pinheiro

mag-pinheiro@hotmail.com

13/01/2016 - 22h47

Desabafo sincero e desassombrado

Presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - Arte El País

 Presidente da Câmara, deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ) - Arte El País

Eu, um quase eremita urbano, passado na casca do alho– rompendo o meu mutismo trapista –quero aqui confessar, de modo sincero e desassombrado, que não acredito em altruísmo. Não sou sofista; sou socrático. E como tal, sigo o antropocentrismo do mestre ateniense, que me faz crer que a perfeição do egoísmo tem como cego caminho o altruísmo.

 

Desconfiem, portanto e muito principalmente, dos autoproclamados altruístas por determinação divina. Prestem atenção, todo cuidado é pouco! Muitos deles estão sempre reunidos conluiados em congresso. É verdade! Há unszinhos, então, cheios de pseudocanduras, cheios de entronadas empáfias. Empáfias, diga-se, pulpitaise midiaticamente encasteladas. Esses são os mais peçonhentos e ardilosos.

 

O indivíduo que se autocunha altruísta está, na verdade, preocupado – mostrando-se um defensor (sic) da felicidade dos outros – tão-somente com a sua satisfação, com o seu prazer (hedonismo) pessoal.

 

No Brasil, esse hedonismo, hoje, talvez em decorrência dos constantes e já banalizados pasmos nossos de cada dia, não se restringe mais somente às satisfações físicas e materiais. Compreende também toda vasta escala de agonias superiores (impetuosos desejos) que possam proporcionar, conservar ou aumentar a “felicidade” (sic) do ego desses encastelados altruístas; incluem-se aí as de natureza política. Lógico, também qualquer uma cunhada pela sordidez de quem, a qualquer custo – até mesmo atropelando e trazendo risco à ordem e à norma –, pretensiosamente se mostra ser o mais zeloso e guardião (puro simulacro) da hígida moralda política brasileira.

 

Dizem que pretensão e água benta não fazem mal a ninguém. Puro absurdo! Fazem, sim, quando em excesso! Aliás, tudo que excede abunda... e como! Os nipônicos ensinam que “a virtude está no centro das coisas; nunca nos extremos”. Muito aplicada a esse preceito de seu povo, Yoko Ono, a viúva de John Lennon, certa vez, enfatizou que “o segundo copo de águaque você bebe é droga, se o primeiro já saciou a sua sede”.

 

Gente, eu estou enganado ou há muita semelhança disso tudo com o protagonismo recente do deputado Eduardo Cunha?! Pelo visto, não falaram nada disso para ele. Acreditando no seu autoproclamado altruísmo, ele foi com muita sede ao pote. Enganou muita gente – é pecado enganar; mas, quem se deixa enganar também é pecador. A falsa candura desse Deus Errante.levou muitos ao fanatismo extremo. Inclusive a Sherezade, aquela jornalistazinha do SBT, que o defendeu de forma ferrenha até um dia antes de a máscara lhe ser arrancada.

 

O homem, portanto, Senhor Eduardo Cunha, não pode nortear a sua vida por essa filosofia sofista-hedonista. Em outras palavras – ou, para ser mais fiel ao meu cínico desassombramento, trocando em miúdos – o Senhor, que se diz um homem de Deus não pode e nem deve deixar-se conduzir pelo seu egofísico-individual, e sair por aí se contrapondo, por um capricho torpe e vaidade mesquinha, à ordem. E o que se contrapõe â ordem é o caos, é a desordem. E todos sabem o quanto isso é doloroso.

 

Lembrando os anos de chumbo, impostos à sociedade brasileira pela ditadura militar, que galgou o poder através do golpe de 64, umas perguntas se fazem agora oportunas, tais como: por onde o jovem Eduardo Cosentino Cunha andava nesse período? Que escola(s) frequentou? Quantas e que tipo de peraltices sórdidas ele aprontou com os coleguinhas? Não terá ele sido um dedo-duro de pais de alguns de seus desafetos de então para arapongas e militares?

 

Insisto e volto a dizer que sou um socrático convicto. Esta identidade me torna um anti-hedonista. Sou um Kyon (genitivo grego Kynos) da boca preta, e muito raivoso, e muito uivante, e, por vezes ainda, muito fuçadorzinho.

 

Finalizando, aqui vai um recado, ao presidente da Câmara Federal, do meu eu universal– alma, em contraposição ao seu eu personal, ou seja, o corpo –, um brasileiro anônimo, porém um intransigente defensor da democracia: Sai de cena Senhor Eduardo Cunha, vá albergar-se na penitência(ria). Lá o Senhor estará, talvez, mais ancho!

 

Para refletir: “Quando descobrimos que absolutamente nada é definitivo, inclusive a vida – nem mesmo o dilúvio, que teve determinação divina, durou a vida inteira –, compreendemos a inutilidade do orgulho, a tolice das disputas, a estupidez da ganância e a incoerência das tolas mágoas”.

 

 

*Professor de Jornalismo da UFPI,

mestrando em Educação  e especialista em Comunicação Empresarial e Governamental.

 

 

Magnus Martins Pinheiro*

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