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Quarta-feira, 24 de abril de 2024
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Magnus M. Pinheiro

mag-pinheiro@hotmail.com

14/04/2016 - 08h37

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Magnus M. Pinheiro

mag-pinheiro@hotmail.com

14/04/2016 - 08h37

Minha alma tem pressa

 

 

As pessoas têm assegurado,ao chegar a uma certa idade,o direito de não ter mais saco para um tantão de coisas. Entretanto, só alguns poucos se dão conta disso. Por essa razão, talvez se irritem fácil, fácil.

 

Convicto disso – e pela prerrogativa de serum sexagenárioque já beira os 70, portanto, com menos tempo pra viver daqui pra frente do que o que já viveu até agora –, devo esclarecer, por exemplo, que não tenho mais saco para mediocridades. Assim, não me convidem para eventos onde desfilam egos fleumáticos e também invejosos irritantes, principalmente os do tipo que ruminam peçonha contra aqueles – cobiçando seus lugares, talentos e sorte – que, no fundo, no fundo (sic), admiram.

 

De igual modo, não tenho – aliás, nunca tive – saco para projetos megalomaníacos e nem para conversas de novelinhos intermináveis. Assuntos inúteis me irritam pra caramba, principalmente quando versam sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha. Saco maior é ter que assistir na casa de amigo ao Big Brother. Se o amigo insiste, eu não fico... que saco!

 

Outra coisa... não tenho saco para as idiossincrasias de quem quer que seja; nem mesmo do papa! E, também, não tenho tino, e não tenho tempo, e não tenho saco, para administrar melindres ou faniquitos de pessoas que, apesar da idade cronológica, são imaturas. Por isso, detesto – não tenho saco mesmo – ter que fazer ou mesmo assistir acareações e reconciliações de desafetos que brigarampor bobagens.

 

Meu tempo é precioso. Eu não o gasto à toa! Discutir inutilidades não é comigo! Alguém – acho que foi o antropofágico Mário de Andrade– disse que “as pessoas não debatem conteúdos; apenas rótulos”. E é verdade, até mesmo em congresso (sic). Meu tempo é e sempre vai ser escasso pra debater rótulos.Sou, por precisão, um fenomenológico; me fascina sempre a busca da essência.

 

Minha alma – cristã por natureza – tem pressa. Sou paciente oncológico já com metástase óssea. Quero viver e viver de modo muito intenso ao lado de gente verdadeira. Muito humana...gente que sabe rir de seus tropeços, simples, despojada de vaidades e sem veleidades.Gente que não garganteia e nem se encanta com triunfos; nem com os seus, nem com os dos outros. Gente que não escamoteia a sua mortalidade. Gente que acredita na vida e a defende.Gente que acredita no ser humano e o defende na inteireza de sua dignidade.

Eu insisto... minha alma tem pressa! Pressa de viver ao lado de gente desarmada que acredita na paz e a constrói no seu cotidiano. Desejo tão-somente estar e caminhar perto de coisas e pessoas de verdade. Desfrutar desse amor verdadeiro, sem simulacros, essencial à vida. Aliás, “a vida – como bem nos diz Riobaldo, personagem de Guimarães Rosa – é simples; viver é um ato perigoso”Por isso, é bom que todos tomem tento e vivam!

 

Acredito no ser humano. Acredito nas pessoas apossadas de afeto. Minha alma é livre movida pela verdade das boas bem-querenças. Respira e tem ciência desse respirar e sabe o quanto o mesmo lhe é essencial. Saber a essência das coisas e das pessoas é essencial à vida.

 

Finalizando,quero hipotecar aquio meu mais verdadeiro e essencial recado: Com ou sem dores na carne, voamostodosrumo ao humos.

 

*Professor de Jornalismo da UFPI,mestrando em Educaçãodo Ensino Superior

eespecialista em Comunicação Empresarial e Governamental.

Magnus Martins Pinheiro*

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