Como estamos todos em quarentena, ou pelo menos deveríamos estar, em decorrência da proliferação do Covid19, o temível coronavírus, resolvi então fazer uma leitura superficial do quadro sucessório em Picos, fazendo uma analogia com o futebol, paixão nacional, e uma alusão a tempos de guerra, que é o cenário dos dias atuais.

Faço uma leitura superficial, a partir das duas últimas pesquisas eleitorais realizadas em Picos. Como tive acesso apenas aos dados de intenções de votos – estimulada e espontânea, e também às rejeições, impossibilita que se faça um estudo mais aprofundado, que nos seria proporcionado pelo conhecimento das estratificações das amostras, e/ou por uma pesquisa qualitativa.

Mas diante do cenário atual, faço a seguinte conjetura. É irrefutável que o candidato Gil Paraibano esteja na dianteira. Esse percentual dele hoje representa mais ou menos o percentual de votos que teve na última eleição. Ou seja, a despeito de ter perdido e ganho lideranças, o seu eleitorado permaneceria inalterado.

Diante da pandemia do coronavírus, o corpo a corpo que vinha sendo adotado em maior intensidade e escala pelos pré-candidatos Araujinho e Gil Paraibano, fica prejudicado. Resta a eles como campo de batalha as redes sociais. E aqui nitidamente Gil tem uma infantaria e artilharia mais aguerrida, e melhor posicionada no momento.

Claramente dá-se uma polarização entre dois grupos. A terceira via não consegue aparecer mais forte, até porque tem se dividido no momento em três opções. Isso é bom e não é. É bom pelo raciocínio de que três candidatos pontuam nas intenções de votos, e lá na frente se juntariam e fortaleceriam um nome só. Mas daí combinar com o eleitor é outra história. E este é soberano para dizer: não, eu não quero este, prefiro aquele pra derrotar fulano. Ou seja, a polarização dar-se-ia da mesma forma.

GIL PARAIBANO

Para Gil, partir na frente com quase 50% das intenções de votos é como se tivesse ganhando o jogo por 2 a 0. É um placar seguro? Certamente que não, e ele sabe muito bem disso. Nas últimas eleições, o cenário era parecido de 2 a 0 para Gil. E diríamos que ele sofreu uma virada para 3 a 2 nos acréscimos, perdendo para o prefeito Padre Walmir. E veja que ainda temos muito jogo pela frente. Mas claro que se ele souber administrar bem o resultado favorável, inclusive corrigindo erros da campanha passada, poderia quem sabe até aumentá-lo um pouco mais.

A seu favor, conta com uma guerrilha virtual voluntária em maior número até aqui. As redes sociais e a quarentena imposta pelo temor ao coronavírus também lhe são favoráveis, visto que não dispondo da mesma idade que seus oponentes, sendo ele o de idade mais avançada, pode se dar ao luxo de ver a sua pré-campanha sendo tocada na internet, sem exigir muito de sua saúde e de sua condição física.

Ao seu desfavor, Gil conta com uma guerrilha virtual voluntária em maior número, que se não tiver uma coordenação ajuizada, pode por tudo a perder novamente. O eleitor pode querer saber de Gil quais seriam as suas propostas reais para um terceiro mandato. Há quatro anos, a maioria não gostou do que ouviu.

ARAUJINHO

No atual cenário, sem corpo a corpo, e atrás nos números, Araujinho seria ainda mais prejudicado. E em time que está atrás no placar, o técnico português Jorge Jesus, multi campeão pelo Flamengo, recomendaria mudar radicalmente a estratégia, e partir pro ataque, sem abrir mão de encantar a plateia. E falta a Araujinho até aqui justamente postura de atacante e o encantamento da plateia.

Seria necessário que Araujinho verbalizasse e publicasse nas suas redes sociais, principalmente, o que realmente pensa para Picos como gestor público. Já não basta mais o fato de ser um empresário bem sucedido, pois divide com outros dois postulantes essa condição. Falta-lhe uma guerrilha virtual proativa, com infantaria e artilharia, e claro, uma boa coordenação.

Conta a favor e também a desfavor de Araujinho, as gestões municipal e estadual, do prefeito Padre Walmir e do governador Wellington Dias, respectivamente. O problema aqui é que frequentemente se sobressaem somente os defeitos e falhas dessas administrações. Às vezes, os acertos e méritos acabam não rendendo bônus na mesma proporção dos ônus impostos pelos erros. Seriam mais falhas na comunicação e no marketing, do que um processo natural.

TERCEIRA VIA

O empresário e PRF Júnior Nobre e o ex-comandante da PM, coronel Edwaldo Viana, também podem ver os números por ângulos diferentes. Por um lado, podem comemorar o fato de terem pontuado bem na pesquisa. Por outro, podem fazer uma autocrítica se estão usando a estratégia adequada de pré-campanha. Pesa contra eles a tradicional polarização. É como se entrassem numa competição náutica com o hercúleo desafio de terem que remar contra a maré. E para embaralhar a terceira via, surge um terceiro nome, que é o advogado Gláuber Silva.

Se os três pré-candidatos à terceira via acertarem o ponto em tempo hábil, assim como a linguagem, além da comunicação até aqui tímida e de pouca eficácia, poderiam quem sabe fazer frente à tradicional polarização, e quiçá verem viralizar os seus ideais e pensamentos. O trio reunido possuiria potencial para uma artilharia e infantaria de grande poder. O difícil é convencê-los disso.

CONCLUINDO

Temos municípios vizinhos a no máximo 300 km de distância, e outros bem mais próximos, que estão fisgando o potencial econômico-financeiro que outrora seria de Picos, por posições geoeconômicas. São muitos os problemas enfrentados pelo nosso município, da mesma forma que também são muitas as oportunidades.

Mas, o que pensam os nossos postulantes ao Palácio Coelho Rodrigues? Qual deles conseguirá comunicar-se adequada e corretamente, de forma que a sua linguagem venha a produzir o encantamento em uma plateia já mentalmente atormentada pela pandemia do coronavírus? É esperar, pra ver.

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Wedson Bezerra Pereira – consultor de marketing empresarial e político-eleitoral - nas redes sociais.