Este não é um texto para o Instagram. É um texto talvez para ser lido nos jornais impressos. Mas pelo menos irei publicá-lo no Facebook. Hoje comentava como eu vim de uma família humilde, que eu fui a primeira da minha família a se formar. Como a minha avó e o restante da minha família incentivaram a minha geração a estudar, porque isso mudaria nossas vidas. E mudou. O mais novo dos netos de minha avó passou para medicina e recebeu uma bolsa em uma universidade particular com tudo pago, só para que ele escolhesse aquela faculdade em vez da pública.
Mas a pobreza nos persegue. Amigos, família que ainda vivem em situação de vulnerabilidade. Estou tentando montar um projeto contra o casamento infantil, com meninas que se casam aos 10 anos por causa da pobreza... Sim isso existe no Brasil!!!! Debaixo do seu nariz! O Brasil é o quinto país no mundo com maior número de casamentos infantis e o Maranhão é o estado que ocupa o primeiro lugar.
Uma amiga de infância engravidou aos 13 anos. Nós duas morávamos com nossas avós. Ela foi mandada para o interior e a filha foi criada ela avó (que era bisavó). Minha amiga não concluiu o ensino fundamental. A filha dela foi criada pelos tios quando a bisavó morreu. Eu queria muito ter condições de pegar a menina pra criar. Não sei como ela está hoje, mas ela não foi incentivada a estudar.
Imagine uma menina que se casa aos dez anos. Ela larga a escola para cuidar de uma casa. Tem um marido muito mais velho que ela. Engravida. Se tiver sorte, não morre na gravidez ou no parto, e cresce sem educação, sem direito à infância, sem perspectiva de vida.
E aí eu vejo pessoas dizerem: quem quer faz. Só não consegue quem não faz por onde... Apenas 5% da população brasileira tem curso superior. O desemprego está batendo recordes. Eu comecei a estudar pra concurso porque não conseguia emprego... Formada, curso de inglês e espanhol, pós-graduada...
Conheço vários colegas que até hoje não conseguiram passar em concurso público para jornalismo. Geralmente só tem uma vaga. Usei o ano inteiro que eu passei desempregada só estudando. Privilégio? Desespero?
Uma amiga perdeu um filho hoje. Onze tiros. Na porta de casa. O sol nasce para todos. Mas a sombra é para poucos. A pobreza bate à porta.
*****
Iane Carolina Silva é jornalista e servidora do Ministério Público - MA, nas redes sociais.
Mas a pobreza nos persegue. Amigos, família que ainda vivem em situação de vulnerabilidade. Estou tentando montar um projeto contra o casamento infantil, com meninas que se casam aos 10 anos por causa da pobreza... Sim isso existe no Brasil!!!! Debaixo do seu nariz! O Brasil é o quinto país no mundo com maior número de casamentos infantis e o Maranhão é o estado que ocupa o primeiro lugar.
Uma amiga de infância engravidou aos 13 anos. Nós duas morávamos com nossas avós. Ela foi mandada para o interior e a filha foi criada ela avó (que era bisavó). Minha amiga não concluiu o ensino fundamental. A filha dela foi criada pelos tios quando a bisavó morreu. Eu queria muito ter condições de pegar a menina pra criar. Não sei como ela está hoje, mas ela não foi incentivada a estudar.
Imagine uma menina que se casa aos dez anos. Ela larga a escola para cuidar de uma casa. Tem um marido muito mais velho que ela. Engravida. Se tiver sorte, não morre na gravidez ou no parto, e cresce sem educação, sem direito à infância, sem perspectiva de vida.
E aí eu vejo pessoas dizerem: quem quer faz. Só não consegue quem não faz por onde... Apenas 5% da população brasileira tem curso superior. O desemprego está batendo recordes. Eu comecei a estudar pra concurso porque não conseguia emprego... Formada, curso de inglês e espanhol, pós-graduada...
Conheço vários colegas que até hoje não conseguiram passar em concurso público para jornalismo. Geralmente só tem uma vaga. Usei o ano inteiro que eu passei desempregada só estudando. Privilégio? Desespero?
Uma amiga perdeu um filho hoje. Onze tiros. Na porta de casa. O sol nasce para todos. Mas a sombra é para poucos. A pobreza bate à porta.
*****
Iane Carolina Silva é jornalista e servidora do Ministério Público - MA, nas redes sociais.
Comentários
Os comentários são de responsabilidade exclusiva de seus autores e não representam a opinião desta página, se achar algo que viole os termos de uso, denuncie.