A vitória de Michel Temer no Congresso Nacional para governar o Brasil em detrimento da presidente eleita pelo povo brasileiro em 2014, Dilma Rousseff, está se delineando, conforme já se esperava, em Vitória de Pirro. Aquela em que os prejuízos para a nacionalidade são praticamente irreparáveis. Pois, como se pode ver, o seu governo é composto de pessoas altamente comprometidas com o velho sistema político nacional, razão principal dos nossos arraigados problemas.

A política brasileira, por motivo dos vícios oligárquicos e autoritários históricos, é permeada de jogos, golpes e contragolpes em que a grande maioria das decisões, em vez de ser tomada em plena luz do dia ou de forma cristalina, pelo contrário, ocorre geralmente na forma de conchavos, manobras ou traições para exercer governabilidade originada por poucos, mas em nome de muitos.

Desconhecendo essencialmente o que o sábio Mahatma Gandhi dizia: “A alegria está na luta, na tentativa, no sofrimento envolvido e não na vitória propriamente dita”. Esta assertiva do notável líder indiano foi negada totalmente na forma como engendraram o tomado do poder pelos golpistas. Não lutaram, porque preferiram comodidade da conspiração. Não tentaram colocar nada novo, mas voltar ao velho regime. Não houve sofrimento envolvido, mas muita tranquilidade nas articulações para escamotear os postulados democrático-constitucionais para obter triunfo sem qualquer compromisso com uma nova governação.        

Ademais, formou um ministério em áreas nevrálgicas da administração pública cujos titulares não apresentam as menores condições de desenvolverem ao menos o trivial de qualquer governo inovador. Foram nomeações exatamente para cumprir com os acordos realizados nas cúpulas partidárias em sincronia com algumas autoridades da República com o fim específico de desvirtuar as instituições democráticas e abocanhar o poder pela falsa imputação de prática delituosa.  

Disto isso, não há qualquer perspectiva para o atual governo pátrio se sair bem na sua jornada governativa. Dessa feita, o povo brasileiro, que já está perdendo com o total descaso com a nosso cultura, fruto de governo sem respaldo da Nação, vai sofrer retrocesso nas áreas econômica, social, educacional, saúde, infraestrutura, enfim, em todas da atividade pública federal. E por razão simples: o governo não foi instalado para priorizar o povo brasileiro, mas para atender o apetite dos que nele estão envolvidos e que por isso deram inarredável apoio no Congresso Nacional.    

Para piorar, percebe-se nos dizeres do Michel Temer que, por ser velho carreirista da politica tradicional do País, acredita piamente num governo formado por políticos, fato que por si só esmaece qualquer esperança. Apenas para ilustrar, observa-se existir em todo o Brasil uma movimentação dos políticos carcomidos pelo tempo esperançosos da volta à ribalta nesse governo-tampão que, para eles que estavam fora de cogitação, serve para suas apostas pessoais futuras. Em contrapartida, para o povo, redundar-se-á em verdadeira anemia politico-administrativa e ainda assistir esses desavisados personagens apregoarem o tal do desenvolvimento nacional.     

Deusval Lacerda de Moraes é economista