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Domingo, 12 de maio de 2024
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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

02/06/2016 - 14h54

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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

02/06/2016 - 14h54

Guaxinim-guabiru

Estou cada vez mais convencido da reflexão verdadeira do pensador francês Jean-Jacques Rousseau que disse: “O homem nasce bom. É a sociedade que o corrompe”. Em sã consciência, não admitimos que um filho nascido do ardoroso amor dos seus pais, e gozando de plenas faculdades mentais venha deliberadamente, pré-determinadamente para a vida fazer o mal ao próximo e alguns, achando pouco, fazem à sociedade.

 

Não. Isso realmente é incogitável. Por mais que a pessoa humana sofra processo de deformação nos escrúpulos, não acreditamos que veio para a existência terrena destinada a cumprir tenebroso papel, ao contrário, deve ocorrer no palmilhar da sua passagem, objetivando as suas ambições pessoais, de incorporar as imperfeições institucionais, costumeiras, políticas, culturais, econômicas, sociais, legais, morais, éticas, enfim, aproveitar-se das lacunas formativas da sociedade para transmudar-se, transformar-se em guabirus da nacionalidade.

 

No prisma da boa-fé, temos a convicção de que esses indivíduos ao ingressarem na carreira política, com o discurso fantasioso de paladino das boas intenções, de defender o bem-estar da população e do compromisso com o desenvolvimento e a salvação da democracia, e, contrário senso, no exercício dos mandatos cometerem violações contra o Estado Democrático de Direito, o Estado Social de Direito e o povo em geral, em proveito próprio, grupo, partido político e apropriação indevida do poder, é traição lesa-pátria. Os exemplos dos que no exercício do mandato ou por causa dele desempenham funções político-administrativas e, no seu transcurso, desviam a conduta para, em vez da coletividade, oberem vantagens escusas, são práticas corriqueiras no Brasil.

 

O caso mais escabroso atualmente é o do deputado Eduardo Cunha. É acusado por tudo e por muitos, menos por seus puxas-saco e beneficiários do impeachment. A Pátria é vítima de um rosário de imputações a esse sujeito. É acusado pelo procurador-geral da República na operação Lava Jato. Responde processos na Comissão de Ética da Câmara dos Deputados e no STF. É objeto de investigação em inquéritos na Polícia Federal. É citado como corrupto em várias delações premidas. Atribui-se à veleidade pessoal dele a apresentação do processo de cassação da presidente Dilma Rousseff na Câmara. Assim, embora tardiamente, já foi afastado do mandato e da presidência da Câmara pelo STF.

 

Por isso, mereceu no editorial da revista CartaCapital (edição de 25/05/2016) que tecia a relação de Dilma com o Congresso o seguinte comentário: “... De todo modo, lidar com o personagem Eduardo Cunha há de exigir um aparelho digestivo absolutamente fora do comum. Quem sabe o Ulisses da Ilíada, inventor do cavalo de Troia, fosse capaz de enfrentar uma figura tão desbragadamente mal-intencionada, capaz de se apresentar hoje como dono da Câmara e do próprio governo, a serviço dos interesses da casa-grande, que a mídia estrangeira chama de plutocracia. Cunha é um vilão de dimensão shakespeariana, a despeito da mediocridade intelectual de seus comparsas e dele próprio, e é lamentável, que um guaxinim possa fazer tantos estragos no quintal nativo”.

 

Deusval Lacerda de Moraes é economista

  

Deusval Lacerda

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