Facebook
  RSS
  Whatsapp
Segunda-feira, 13 de maio de 2024
Colunas /

Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

08/06/2016 - 13h06

Compartilhe

Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

08/06/2016 - 13h06

Pagando a conta

O governo interino de Michel Temer, medíocre em todos os aspectos, faz média com a classe média ao resgatar o débito, mesmo ao custo da instabilidade na economia brasileira, ao comtemplar com a sua base na Câmara dos Deputados a aprovação de um megapacote de reajuste para o funcionalismo federal (Executivo, Legislativo, Judiciário e Ministério Público) que tem impacto nos gastos públicos de no mínimo R$ 58 bilhões até 2019, com a criação de 14.419 novos cargos federais.

 

Tal agrado bilionário se faz urgente, como aprovado na Câmara na quarta-feira – 1º de junho – de 15 projetos de lei que estabelecem benefícios e reajustes ao funcionalismo, em razão de estimular a classe formadora de opinião e na sua maioria a favor do impeachment a manter a boa expectativa e esperança no governo.

 

Só que a custo alto. A proposta que tem maior impacto foi o aumento do salário dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF). O rendimento, que delimita o teto do funcionalismo, passou de R$ 33.763 para R$ 39.293. O efeito cascata gerado do Judiciário, segundo o Ministério da Fazenda, tem um impacto de R$ 6,9 bilhões até 2019.

 

Como se depreende, trata-se de uma farra financeira que desmoraliza qualquer reforma fiscal ou pacote de cortes dos gastos públicos como medida saneadora da economia promovida pelo governo na atual crise econômica que assola o País, que, o governo, desavergonhadamente, diz começar com a redução de órgãos e pessoal para conter os gastos públicos.

 

Mas o que aconteceu, na verdade, e de comum acordo - diga-se, velado – entre os poderes foi uma recompensa do governo e seus asseclas congressistas e auxiliares diretos de pagar a conta, via aumento salariais exorbitantes, a todos aqueles que estiveram direta ou indiretamente apoiando e dando suporte às manobras golpistas de elevar essa turma ao poder.

 

Isso denota cada vez mais que o Brasil, através da grande maioria da sua classe dirigente, não é confiável quando diz chegar ao poder para defender o seu povo e o seu País. Pois o atual governo e sua base aliada desautorizam o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, que taxativamente afirma que já começou o seu trabalho suprimindo ministérios para diminuir os gastos públicos (previsão de cortar 4 mil postos comissionados) em nome da recuperação da economia e, no dia seguinte, o governo concorda com um mega aumento dos gastos (quase quatro vezes mais com a criação de 14.419 cargos) para atender seus compromissos ao custo do seu próprio plano artificial em franca postergação da estabilização econômica.  

 

Deusval Lacerda de Moraes

é economista

Deusval Lacerda

Comentários