O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC), presidente de honra do PSDB, foi obrigado a desconvidar-se do congresso que aconteceu entre os dias 26 e 31 de maio em Nova Iorque promovido pela Associação de Estudos Latino-Americanos (Lasa), contra quem se vangloria da fama de intelectual notável (Príncipe dos Sociólogos) e por uma das mais prestigiosas entidades científicas da área, em razão do envolvimento ativo no esforço de derrubar o governo democrático de Dilma Rousseff.
Com essa mácula no currículo, FHC não pode mais ser um dos que possa apresentar nos fóruns internacionais ideias sobre como consolidar a democracia, tratar das questões econômicas e desigualdades sociais no continente, muito menos traçar modelo que venha libertar a América Latina dos velhos problemas arraigados que deixa a maioria da população mergulhada na pobreza e, para coroar a sua sina inglória, possui sistema político instável que dificulta a consolidação das suas instituições democráticas.
A visão da Lasa é verdadeira na prejudicialidade institucional devido ao golpe no Brasil, que, no tangente especificamente ao impeachment da presidente Dilma no Senado, foi publicada matéria recentemente informando que está esvaziada a Comissão Especial do Impeachment na produção de provas e inquirimento de testemunhas pelos senadores a favor do afastamento da presidente por acharem que é questão política e que para eles já estão certos os seus votos favoráveis ao presidente interino Michel Temer.
Por tratar-se de tramoia é inusitado no Estado Democrático de Direito que acusadores se negam terminantemente em apresentar provas para comprovar a consumação do crime de responsabilidade imputado.
Demonstrando estorvo na constitucionalidade pátria, três técnicos do Senado analisaram documentos e decisões do governo Dilma no processo e encaminharam o resultado da perícia à Comissão de Impeachment atestando que as operações foram legais, não havendo as chamadas pedaladas fiscais. Mas seus algozes distorcem, a propósito, a interpretação constitucional – que a lei é igual para todos – e da lei orçamentária para manter o acordo político à revelia da legalidade, da legitimidade e da democracia.
Ademais, não se compreende em pleno século XXI que uma Câmara dos Deputados com presidente que logo mais será condenado e um presidente do Senado da República acusado de receber milhões em várias delações premiadas da Operação Lava Jato terem moral para presidir afastamento de presidente legítima e honesta.
Assim, nada mais correto do que a decisão da Lasa em não aceitar a participação no seu Fórum de FHC que, quando presidente do Brasil gerou pobreza, e, como presidente de honra de partido politico, foi a favor do cerceamento constitucional para colocar no governo político quem não tem projeto para o Brasil, expressão popular, mas somente a arte do conchavo que enodoa a democracia brasileira. Uma hora a máscara cai!
Deusval Lacerda de Moraes é economista
Deusval Lacerda
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