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Domingo, 12 de maio de 2024
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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

19/07/2016 - 08h16

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Deusval Lacerda

deusvallacerda@bol.com.br

19/07/2016 - 08h16

Tibieza de Temer

Li a entrevista nas páginas amarelas de VEJA do presidente interino Michel Temer (edição 2485 de 6 de julho de 2016) e sabia, de antemão, que governo forjado no conchavo enodoa a Constituição, deteriora a institucionalidade e embota a Nação.

 

E foi isso o que se viu. Na crise econômica disse que vai privatizar tuto, e não tem plano para o Brasil. Falou que agiu com prioridade na equipe da área econômica. Mas iniciou como ministro do Planejamento, o senador Romero Jucá, acusado na Operação Lava Jato, e o seu substituto, Dyogo Oliveira, na matéria intitulada “Mais um na lista”, a mesma revista informa que o Ministério Público o incluiu no rol dos suspeitos de vender medidas provisórias, o que a Justiça já autorizou a quebra dos seus sigilos.

 

Na barganha da Câmara dos Deputados no governo Temer para aprovar o afastamento da presidente Dilma Rousseff, sem qualquer indício no crime de responsabilidade, ele utilizou de eufemismo para dizer que fez uma boa equação com o Parlamento.

 

Mesmo existindo acusações que pesavam contra Henrique Eduardo Alves – ministro do Turismo de Dilma que saiu na antevéspera para votar a favor dele na Câmara e que na mesma pasta do seu governo pediu demissão devido às acusações de ter recebido propina no escândalo da Petrobras -, ele disse que tinha um dever moral de trazê-lo de volta para o Turismo. Basta saber que parâmetros foram esses.

 

Pelo fato de ter presidido o PMDB por quinze anos, e que as investigações da Lava Jato mostram que no período houve pagamentos de propina a José Sarney, Renan Calheiros, Romero Jucá, Eduardo Cunha etc., foi perguntado se nunca suspeitou de nada. Ele respondeu que cuidava das doações oficiais e nunca soube que alguém pudesse dar verbas fora da doação oficial.

 

A respeito de ter recebido Eduardo Cunha na sua residência oficial fora da agenda, à noite, num domingo, recentemente, disse ser adequado, pelo fato de Cunha ter ficado muito tempo envolvido nas questões todas, e que tinha ido conversar sobre o cenário político e a posição dele. Só que a dita VEJA, em matéria com o nome “Testemunha devastadora”, noticia que o doleiro Lucio Bolonho Funaro, alvo da reportagem, disse que Cunha pode implodir o governo Temer.

 

Os brasileiros sabem que no momento de Temer assumir o governo só possuía 1% das intenções de voto para chegar à Presidência. Logo, só através de manobra ocuparia o Planalto. Na entrevista demonstrou o seu desprezo à democracia quando disse que não está preocupado com o seu alto índice de rejeição apontado pelas pesquisas.

 

Por fim, o governo Temer vai servir para lançar a sua esposa na vida pública, que apenas aguarda a confirmação do seu governo no Senado para ela se transferir para Brasília, e ele garante que está preparadíssima para a empreitada, bem como para promover certos políticos que estavam carcomidos politico-eleitoralmente e que agora estão aferrados ao poder para tirar proveito disso. Retrocesso democrático só dá nisso!  

 

Deusval Lacerda de Moraes é economista

Deusval Lacerda

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