Já são mais de 75 horas de ocupação na prefeitura de Dom Inocêncio, 615 km ao sul de Teresina. Desde a manhã da última terça-feira (04/12), dezenas de professores indignados com a falta de pagamento permanecem na sede do poder executivo municipal afirmando que só saem de lá com a imediata liberação do salário de outubro. Até o momento a reinvindicação não foi completamente atendida e os docentes endurecem o movimento.
Na manhã de hoje (07/12), os trabalhadores realizaram uma passeata pelas principais ruas do centro da cidade erguendo faixas que externavam a revolta com o descaso vivido pela educação do município. Os docentes aproveitaram a feira mensal que ocorre na cidade para chamar a atenção da grande população. Sob o olhar de centenas de inocentinos, foi lida uma carta de indignação da classe sobre a situação que está se passando.
“Não somos marginais, somos profissionais!” – dizia a professora que leu o manifesto. Em vários momentos, os muitos inocentinos que viam o ato debaixo de sol forte aplaudiram em apoio aos trabalhadores. A passeata era puxada por um carro que tocava a música “Que país é esse?” da banda Legião Urbana. No manifesto, os professores agradeceram o apoio daqueles que tem entendido a luta da classe, como comerciantes, que tem doado mantimentos durante a ocupação.
O olhar aguçado dos diversos inocentinos parecia não acreditar naquilo que via, trabalhadores lutando para receber o salário que lhes é de direito em um município que outrora foi modelo nacional em educação. Após lida e externada a revolta dos educadores, eles voltaram para aquela que tem sido como suas casas nos últimos quatro dias, a prefeitura. Lá, a luta deverá continuar até que o salário conquistado com trabalho árduo caia na conta bancária.
Enquanto isso, Dom Inocêncio vai vivendo dias atípicos. Não se comenta outra coisa na cidade ressequida do sertão piauiense. A luta encabeçada pelos professores é o assunto principal nas rodas de conversa, nas esquinas, nas redes sociais e nas ligações telefônicas. Os docentes afirmam que o prefeito não está dando tanta "bola" para o movimento, mas a luta deles é a "bola da vez".
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