O adro da Igreja São Benedito, no centro de Teresina, recebeu na noite desta segunda-feira (17), o Coral das Mil Vozes, um dos maiores espetáculos natalinos do Piauí. Será mesmo?

O coral, que começou a 17 anos através da iniciativa do maestro Emanuel Coelho, foi desenhado para que mil alunos da rede pública estadual ensaiados durante todo o período letivo fizessem uma apresentação que fosse transformada no cartão de visita do Piauí.

Chega a ser até uma propaganda enganosa chamar de “Mil Vozes” quando na verdade, ontem o público foi assistir a uma apresentação de 800 crianças, que, aliás, estavam muito mais incomodadas do que felizes, pois as roupas que vestiam, possuíam adornos de palha que lhes causavam coceira.

Um projeto em que foi empenhado cerca de 60 mil reais não merecia que os instrutores de canto não tivessem um lugar adequado nas escolas para ensaiar as crianças, não merecia que os pais fossem afastados por seguranças grosseiros da AGSP Terceirização e muito menos que fossem disponibilizadas apenas algumas cadeiras, onde a primeira fila estava reservada aos governantes – que tratam a apresentação com total descaso.

Nem o maestro Emanuel, nem instrutores de canto, nem alunos e familiares e muito menos a cultura do nosso Estado mereciam tantas lágrimas de crocodilo e falsas emoções.

Beleza? Nós encontramos muita beleza no trabalho de todas as crianças e instrutores que em menos de duas semanas de ensaio conseguiram cantar 13 canções e deixar nosso Natal mais bonito.

Vergonha. Vergonha dos governantes, que não estimulam o ensino da música nas escolas públicas, e do órgão responsável pela cultura do nosso Estado, que não permiti sequer uma ornamentação decente no adro da igreja.

Esperamos que próximo ano façamos jus ao nome do coral, com mil vozes ensaiadas, com roupas bonitas que não lhes causem incomodo, com uma ornamentação decente e que na primeira fila de cadeiras estejam as pessoas que realmente se importam com a cultura e não que façam apenas lá,lá,lá..