Meus amigos, eu morava em um sítio no bairro Socopo, quando minha filha mais nova completou 8 anos de idade. Fizemos uma festinha e chamamos as coleguinhas dela, que moravam na redondeza.
Naquele final de tarde, eu vivi uma das mais fortes emoções que já senti. É natural que os convidados se sentissem na obrigação de levar um presente para a aniversariante, como é de praxe.
Os moradores da região em que morávamos eram pessoas despojadas, trabalhadores rurais, sem muitos recursos, mas de corações imensos. Os convidados começaram a chegar, cada um trazendo o que podia, dentro de suas limitações. Até que uma garotinha se aproximou e entregou à minha filha uma galinha viva, embrulhada em um jornal velho.
Meu coração acelerou de emoção; minha filha vibrou; todos à volta queriam conhecer a galinha que acabara de chegar. Foi o presente mais original e rico que eu já vi alguém oferecer a outro, em toda a minha vida. Aquela garotinha deu o que tinha, com todo o carinho que uma amizade infantil carrega, em uma atitude que foi um grande exemplo de vida.
Percebi que uma simples partilha, mesmo diante das dificuldades de uma família humilde, é um gesto muito mais nobre do que imaginamos.
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Eneas Barros, escritor piauiense - nas redes sociais.
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