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Sabado, 01 de fevereiro de 2025
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cantidosfilho@gmail.com

31/01/2025 - 07h22

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31/01/2025 - 07h22

A fé e o motorista Gregório

 

Monumento em memória ao Motorista Gregório (Foto: Herivelto Cordeiro)

 Monumento em memória ao Motorista Gregório (Foto: Herivelto Cordeiro)

Tudo teve início no dia 14 de outubro de 1927. Gregório um jovem paraibano era motorista. Conheceu quando ainda residia naquele estado o comerciante Jaime Teodomiro, que era de Barras, no Piauí, e tinha ido a Paraíba comprar um automóvel. Um Ford T o primeiro automóvel da cidade barrense. 

Teodomiro não sabia dirigir e por ser o primeiro carro da cidade ninguém sabia dirigir. Teodomiro então contratou Gregório pra ser seu motorista. 

Passado algum tempo Teodomiro passou o carro para a Paróquia de Barras. Gregório dessa forma passou a ser motorista oficial da paróquia. E cumprindo sua função no exato dia 14 de outubro de 1927 a cidade recebia a visita do bispo Dom Severino Vieira de Melo.  

Para recepcioná-lo, na entrada da cidade, Gregório dirigindo o Ford T tendo como ilustres passageiros o juiz de direito José de Arimathéa Tito, o coronel Otávio de Castro Melo e o padre Lindolfo Uchôa. 

No percurso uma criança inesperadamente atravessa a rua. Gregório tentou frear para evitar o pior mas não foi possível. A criança foi atropelada e morta. As autoridades que eram conduzidas no automóvel afirmaram que Gregório não teve culpa. A população da cidade também defendeu o motorista. O destino de Gregório estava traçado. 

A criança era filho do delegado da cidade, Florentino Cardoso, homem que fez o justiçamento do motorista. Ao saber da morte o justiceiro delegado prendeu Gregório e o deixou sem água e sem comida por dias. 

O juiz que testemunhou o acidente, Arimathéa Tito, expediu um habeas-corpus para que Gregório fosse solto e respondesse em liberdade seu envolvimento na morte da criança. 

O delegado disse que cumpriria a ordem, mas não a cumpriu. E o trouxe de Barras para Teresina acorrentado no pescoço, faminto e sedento. Chegando na capital, o delegado acorrentou Gregório em uma árvore às margens do rio Poti. 

Próximo da água, Gregório implorava para que matassem sua sede. E o justiceiro delegado logo o matou a tiros. Populares presenciaram o crime. O fato se espalhou, foi noticiado pela imprensa e causou revolta geral. 

Em 1983 foi construído um monumento no local da morte de Gregório no formato de uma gota d'água.

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Herivelto Silva Cordeiro, servidor público federal - nas redes sociais. 

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