A despeito da frustração do mercado com o crescimento do PIB este ano, a equipe econômica está, até agora, arrancando elogios de analistas devido à política fiscal, sobretudo na recusa do governo em oferecer reajustes aos servidores públicos.
Um dos analistas que destacaram esse ponto, em entrevista ao Poder Econômico, foi o economista-chefe do Itau-Unibanco, Ilan Goldfajn, também ex-diretor do Banco Central.
- O governo está começando a expandir, mas não estou vendo os gastos explodirem este ano. Há controle dos gastos com funcionalismo – tanto que tem várias áreas em greve – disse Goldfajn.
No entanto, como percebeu o presidente da Federação Nacional dos Urbanitários, Franklin Moreira, em conversa com o Poder Econômico, o governo está claramente com outra postura – talvez por ser obrigado a lidar com tantas greves em ano eleitoral.
Hoje, o governo atendeu reivindicações dos professores. Amanhã, será a vez dos eletricitários. Ou seja, mesmo com certa “parcimônia”, como se diz no BC, Dilma Rousseff abriu os cofres.
No Ministério do Planejamento, a ordem do Palácio do Planalto é clara. A negociação está mais para o lado dos funcionários grevistas. O governo está calculando, segundo um integrante da equipe de Miriam Belchior, que a continuação do quadro de paralisação, especialmente nas agências reguladoras (Anvisa, principalmente, por causa dos portos), pode prejudicar a retomada da economia no segundo semestre.
Para acabar com as greves, o cálculo preliminar do Ministério da Fazenda é que a folha de pagamento da União pode aumentar em até R$ 90 bilhões, quase a metade do total pago hoje a funcionários federais.
O governo não deve ceder um montante desses, mas Dilma teria acordado em repassar algum aumento para amenizar os ânimos de olho no desempenho da economia entre janeiro e dezembro. Ou nas urnas em outubro.
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