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30/08/2012 - 09h47

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30/08/2012 - 09h47

Teresina é uma das 15 piores cidades do Brasil em saneamento básico

Entre as capitais do Nordeste, Teresina é a 2ª pior, superando apenas São Luís.

 O Dia

 

Morar ao lado de um esgoto a céu aberto se tornou rotina na vida da dona de casa Dalveli Alves. A Rua Tenente Alves de Sousa, localizada na Vila da Paz, na zona Sul de Teresina - endereço da residência da senhora de 52 anos de idade - é cortada por um imenso grotão formado por água de esgoto. Os problemas gerados pela situação precária das condições de saneamento básico são inúmeros. "Além do cheiro insuportável, as crianças adoecem rápido. A dengue também é rotina. No mês passado, tive duas vezes", narra a dona de casa, acrescentando: "Não estou sozinha nesta parcela da população esquecida".

Situações como a da senhora Dalveli, que convive com o problema há 30 anos, mostram como o saneamento básico é tratado na capital do Piauí. Embora seja um direito básico do cidadão, na realidade não é assim que funciona.

Novos números do estudo "Ranking do Saneamento", realizado pelo Instituto Trata Brasil, revelam que das 100 maiores cidades do Brasil, Teresina ocupa a 86° posição na avaliação dos serviços de saneamento básico prestados. Segundo o levantamento, 92,36% dos 814.230 teresinenses são atendidos com água tratada. Em contrapartida, o índice de cobertura da coleta de esgoto é de 15,21%. Esta porcentagem coloca Teresina entre as cidades com pior coleta de esgoto do país. Entre os municípios estudados neste quesito, a capital ocupa a oitava pior colocação.

No Brasil, de acordo com o estudo, apenas cinco municípios possuem 100% de coleta de esgoto, ou seja, possuem estes serviços universalizados: quatro deles estão localizados no estado de São Paulo (Santos, Jundiaí, Piracicaba e Franca). Belo Horizonte, em Minas Gerais, lidera o ranking neste parâmetro.

Em comparação com outras capitais do Nordeste, Teresina fica à frente apenas de São Luís. A capital do Maranhão ocupa a 87° colocação do ranking geral de avaliação de abastecimento. Vitória (31°), Salvador (32°), Fortaleza (41°), Aracaju (56°), Recife (68°), Natal (78°) e Maceió (85°) possuem melhores posições no levantamento.

Os números do Instituto Trata Brasil refletem a lentidão com que avançam os serviços de água, coleta e tratamentode esgoto em todo o país. Como referência, no mês de agosto deste ano, o estudo revela que 5.986 ligações foram executadas pela Agespisa, operadora responsável pelo abastecimento no Piauí. Contudo, ainda faltam mais de 25 mil para se chegar à universalização da água tratada em Teresina.

Por outro lado, o problema do esgoto na capital representa um desafio: para alcançar os 100% da cobertura, serão necessários 167 mil ligações em Teresina. Enquanto aguarda uma maior ação do poder público, Joselito Amorim, vizinho da senhora Dalveli Alves, também tem que conviver com o problema.

 

"O esgoto das casas corre pelas ruas. Quando chove, a água vai lavando todo o lixo. Junta entulho e fica pior. Todos os dias, várias crianças têm que atravessar a passarela que corta o grotão. As crianças pisam na lama. É lamentável, porém temos que aguentar. Não temos outro lugar para morar", desabafa o comerciante de 30 anos de idade, que reside no bairro Vila da Paz.

Até 2013, esgotamento será ampliado em 55%, diz Agespisa

Os índices divulgados pelo Instituto Trata Brasil sobre as condições de saneamento básico em Teresina ratificam os dados do Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (Ibge): a situação da capital do Piauí é a pior do Nordeste quando analisada a quantidade de domicílios que possuem esgoto a céu aberto. Ao todo, 71,8% dos domicílios apresentam o problema, além de apenas 7% das residências possuírem bueiros.

A Agespisa encaminhou uma nota à reportagem  informando que recursos na ordem de R$ 103 milhões estão aplicados em obras para ampliar a rede de esgotamento sanitário na cidade. O prazo para a conclusão das obras, segundo divulgou a Agespisa, é até final de 2013. O órgão informou que serão 102 mil novas ligações que beneficiarão 250 mil pessoas. "Com esse investimento, feito com recursos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), a cobertura do serviço vai saltar de R$ 17% para 55%", anunciou a companhia.

Na zona Sul, a Agespisa deve implantar 300 km de rede de esgoto. Além da Vila da Paz - bairro destacado na reportagem - outras localidades da zona Sul receberão a rede. São eles: Angelim, Promorar, Saci, Parque Piauí, Tabuleta, Lourival Parente, Vermelha, Cidade Nova, Três Andares, Cabral, Ilhotas e parte do centro de Teresina, na Avenida Joaquim Ribeiro. "A Agespisa já executou 50% da obra, cuja ampliação do serviço permite melhorar a qualidade de vida da população", finaliza a nota.

Durante audiência pública sobre a renovação do contrato entre Agespisa e Prefeitura Municipal de Teresina, ocorrida em junho deste ano, a Administração Pública Municipal divulgou as metas da cobertura para os próximos anos. O principal desafio é quanto à cobertura de abastecimento deágua nos povoados rurais do município, que chega apenas a 80% dos domicílios. A água distribuída, entretanto, não recebe nenhum tipo de tratamento.

 

A universalização da cobertura de esgotos, de acordo com a PMT, atingirá a meta de 90% em 2031. Na zona urbana, a universalização da água deve acontecer em 2018. A cobertura de água do meio rural deverá ser: sair dos 81% em 2012 atingindo a meta de 100% em 2021, e com água tratada atingir a totalidade em 2021.

O Dia

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