A estudante de Direito Fernanda Lages, encontrada morta no dia 25 de agosto de 2011 na nova sede do Ministério Público Federal no Piauí, cometeu suicídio. Essa é a conclusão de um relatório apresentado nesta segunda-feira (17), na Academia de Polícia Civil do Estado do Piauí (Acadepol), em Teresina, por uma equipe de peritos do Distrito Federal.
O trabalho foi apresentado pela psiquiatra forense e clínica na Policia Civil do Distrito Federal, Maria da Conceição Krause. Segundo o estudo, Fernanda Lages estava com 1,17 mg/L de álcool no organismo quando morreu. Essa quantidade de álcool no sangue é tão alta que pode provocar coma alcoólico na maioria das pessoas e, inclusive, causar surto psicótico.
A especialista narrou todos os últimos meses de vida de Fernanda, através das 27 pessoas que foram entrevistadas, entre amigos, testemunhas e familiares, sendo que sete pessoas passaram por um teste de credibilidade para verificar se as declarações eram verídicas.
“O quadro que a Fernanda apresentava nos últimos seis meses antes da morte. Houve um declínio do seu humor, a partir do namoro, mas o divisor de águas foi quando ela quis sair da casa da tia para morar com amigos. Houve exacerbação do libido, aumento do fluxo de ideias, uma elevação na variação do humor e de comportamentos autodestrutivos diretos”, disse a psiquiatra.
Ainda de acordo com Maria da Conceição Krause o suposto suicídio poderia ter sido evitado.“A Fernanda tinha transtorno mental de humor, que já se apresentava aos 13 anos de idade, mas o divisor de águas aconteceu nos últimos seis meses quando os sintomas de bipolaridade aumentaram. Às vezes as pessoas confundem com fatores da adolescência, mas se o caso dela tivesse sido descoberto e tratado, o suicídio poderia ter sido evitado”, relatou.
No final da apresentação, a psiquiatra ressaltou que gostaria de ter vindo ao Piauí afirmar que teria sido homicídio. “A maior dor de quem sobrevive é ter ligação com quem se matou. Eu gostaria de vir aqui dizer que era homicídio, porque vi a dor da família e sei que a população não acredita que foi suicídio. Isso acontece porque há um instinto de sentimento e emoção e de proteção à vítima. A população queria Justiça, eu sei que é impossível convencer, porque é um sentimento natural do ser humano, ainda mais no Brasil onde as pessoas clamam por Justiça”, finalizou a perita.
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