Uma pesquisa desenvolvida pelo paleontólogo da Universidade Federal do Piauí (UFPI), Juan Carlos Cisneros, juntamente com mais cinco cientistas estrangeiros descrevem a descoberta de novas espécies de anfíbios e um réptil no Nordeste brasileiro. Os fósseis encontrados possuem aproximadamente 278 milhões de anos, correspondendo ao período Permiano, referente ao final da era paleozoica, sendo mais antigo que os dinossauros.
Segundo o prof. Dr. Juan Carlos Cisneros, até agora, tinha-se pouca informação sobre os animais que habitaram o hemisfério sul, e a pesquisa intitulada Nova fauna permiana do Gondwana tropical, estudo publicado na revista Nature Communications no último dia 05 de Novembro, foi desenvolvido como forma de ajudar a preencher esta lacuna geográfica de 278 milhões de anos e revelar como os animais se dispersaram nas regiões do antigo supercontinente, Pangeia.
Os fósseis foram encontrados na região da Bacia do Parnaíba, local já conhecido dos paleontólogos pelos achados históricos de troncos petrificados. Muitos destes troncos afloram dentro da cidade de Teresina, onde há uma verdadeira floresta fóssil às margens do Rio Poti.
Crânio e parte do esqueleto do anfíbio Timonya anneae. Timonya é um anfíbio arcaico que habitou lagos tropicais do Nordeste durante o Período Permiano (aprox. 278 milhões de anos atrás). Este espécime foi encontrado em Timon, MA. Seu nome homenageia o município de Timon. Este crânio pertence a um animal jovem. Foto: Juan Cisneros. | ||||
Juan Carlos Cisneros explica que as primeiras duas espécies encontradas foram de anfíbios carnívoros arcaicos. A primeira delas, Timonya anneae, era um pequeno anfíbio inteiramente aquático com presas e guelras, e um aspecto que lembraria uma mistura entre uma salamandra aquática e uma enguia. Seu nome homenageia o município de Timon, no Maranhão, onde foi descoberta.
A segunda espécie é Procuhy nazariensis, um anfíbio cujo nome na língua timbira - nativa do Maranhão, Piauí e Tocantins - significa "sapo de fogo", faz homenagem ao município de Nazária, no Piauí. Contudo, Procuhy nazariensis não morava no fogo, vivia submerso na água. Seu nome vem da formação geológica Pedra de Fogo na qual foi encontrado (a formação tem esse nome pela presencia de sílex, uma rocha usada para produzir fogo). Embora ambas as espécies fossem parentes distantes dos anfíbios modernos, elas não eram verdadeiras salamandras nem sapos, mas membros de um grupo extinto que era comum no Período Permiano.
Equipe de campo procurando fósseis em Nazária, PI (Foto: Kenneth Angielczyk)
A terceira espécie é um anfíbio do tamanho de um pequeno jacaré, cujos parentes mais próximos viveram vinte milhões de anos depois no Paraná e na África do Sul, e uma espécie de réptil com aspecto de lagartixa que até agora só tinha sido encontrada na América do Norte.
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