O jornal Folha de São Paulo publica na edição desta quarta-feira, 17, uma matéria sobre o aeroporto de São Raimundo Nonato, no Piauí, cujo título interno é: "Às moscas, aeroporto na Serra da Capivara é internacional só no nome".
A publicação carrega como sempre num discurso crítico e negativo sobre o aeroporto. Destaca os 12 anos em que levou para ser construído, o valor gasto de R$ 18 milhões, as suspeitas de irregularidades na construção e reforça a opinião que de tão cedo a obra será aproveitada de forma plena em seu potencial, pois o local vem servindo apenas para pequenos voos comerciais.
O jornal informa que o governo estadual mantém o aeroporto a um custo mensal de R$ 150 mil e que está tentando viabilizar voos a partir de março próximo através de uma empresa de táxi-aéreo. Aproveita também para dizer novamente que a Petrobras não está dando mais ajuda financeira para manter o Parque Nacional da Serra da Capivara.
A notícia não ouve e não coloca nenhum depoimento de ninguém do Ministério de Turismo, muito menos de grandes empresários, prefeitos, turistas que visitam o parque e ou pessoas comuns do município de São Raimundo Nonato e região.
Sim, a matéria tem seu lado positivo, aliás, já usado repetidas vezes. Cobra apenas dos governos estadual e do federal pelo funcionamento pleno do aeroporto, capaz de atrair até 5 milhões de visitantes por ano, conforme citação agora discreta e comedida de Niède Guidon.
A notícia peca no tom negativo da narração, como se o Piauí não merecesse o aeroporto e o pior, sem cobrar que grandes grupos privados do país, tenham também responsabilidade social e econômica. Que invistam para que novas empresas sejam instaladas na região e ou mesmo ajudem a financiar via apoio cultural as despesas para manter no Parque Nacional da Serra da Capivara.
Onde as grandes empresas que mais faturam no Brasil, os bancos privados, por exemplo, que lucram cada um mais de R$ 15 bilhões líquidos por ano no Brasil investem suas fortunas?
A visão do jornal reforça uma velha ideia e já bastante batida, ou seja, além do Estado construir o aeroporto, o Estado tem de mantê-lo, emprestar dinheiro para que grandes grupos privados invistam na região, subsidiar companhias aéreas, pagar publicidade no jornal paulista e ainda sustentar toda estrutura do Parque Nacional da Serra da Capivara.
O jornal paulista faz um jornalismo que só cobra ações do governo estadual e federal esquecendo propositalmente de fazer o mesmo de grandes grupos privados, que só seriam protagonistas na matéria se anunciassem no jornal e ou tivessem contraído bilhões de reais dos cofres do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). Ah, também não cobra coisa alguma da arqueóloga Niède Guidon.
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