Francisca Juliana, Salete Maria e Nazaré Veloso são três exemplos de determinação e força de vontade para conseguir a realização de um grande sonho, que pode, à primeira vista, nem parecer ser tão grande assim, pelo menos, para a maioria das pessoas: chegar ao mercado de trabalho, após um curso de capacitação profissional. Mas, para elas, que possuem deficiência física, é mais do que uma conquista: é, de fato, a realização de um grande sonho, sobretudo pelas dificuldades pelas quais elas e centenas de outras pessoas com deficiência passam, dia após dia.
Francisca, Salete e Nazaré são três belos exemplos de que é possível colocar a limitação física um pouco de lado, para dar espaço ao aprendizado, à formação profissional, ao trabalho. Ambas são frutos do projeto “Levanta-te, Vem Para o Meio”, que foi implantado em 2010 e é realizado por meio de uma parceria entre a Prefeitura de Teresina, através da Secretaria Municipal do Trabalho, Cidadania e de Assistência Social (SEMTCAS), e a Ação Social Arquidiocesana (ASA).
O nome do projeto é uma citação bíblica retirada do livro de Marcos, capítulo três, versículo três, e faz referência à inclusão social, convidando, especialmente, aqueles que estão à margem das oportunidades para que adentrem nos estudos e no mercado de trabalho. Francisca, por exemplo, conheceu o projeto em 2014. Ela conta como passou a fazer parte dos serviços oferecidos pelo “Levanta-te, Vem Para o Meio”.
“Conheci o projeto através do meu ex-namorado. Soube do belo trabalho, entrei no projeto e fiz alguns cursos, e continuo me qualificando. Gosto da simpatia das pessoas, dos professores, dos funcionários do projeto. Todos nos tratam bem e lá me sinto em casa. Antes, já havia trabalhado e, no início, me aceitavam, mas, depois iam me jogando de escanteio. Por isso, quero me qualificar cada vez mais para ser reconhecida pelo meu trabalho”, disse Francisca, que fez curso de assistente administrativo e iniciará na próxima semana mais uma capacitação: curso de informática avançada. Após a qualificação, Francisca conta que já passou por duas empresas e agora fará uma nova entrevista de emprego. “Graças ao projeto novos horizontes se abriram para mim. Me sinto muito feliz e agradecida por essa oportunidade”, frisou.
Salete, por sua vez, ingressou no projeto em 2010 e fez curso de informática básica, mas, teve que parar por um tempo. Em 2015 ela voltou às aulas e ingressou no mercado de trabalho através do projeto. Hoje, ela trabalha no Instituto Camilo Filho como auxiliar de biblioteca (turno da tarde) e também é concursada na SASC, atuando como atendente do setor de Passe Livre (concursada na cota de pessoas com deficiência, turno da manhã). “O projeto trouxe muita mudança em minha vida, em relação a tudo mesmo, em especial, na visão de como ver o mundo lá fora. Percebi que não é a limitação que prende a gente, mas, sim, a nossa consciência. Mesmo com minha limitação posso ser melhor”, disse.
Nazaré, atualmente, é operadora de caixa no Teresina Shopping. Para ela, a oportunidade de ingressar no mercado de trabalho também surgiu após o projeto “Levanta-te, Vem Para o Meio”, quando passou a fazer parte em outubro de 2012. “A Prefeitura de Teresina e a ASA abriram as portas para mim. Tive a oportunidade de ser inserida no mercado de trabalho. Tenho deficiência nas minhas duas pernas e tenho apenas um metro e 33 centímetros e sempre era difícil conseguir uma vaga, pois as empresas sempre querem pessoas com grande estatura e de boa aparência. Hoje, capacitada, sou feliz por ser reconhecida no meu trabalho. Sinto-me livre”, disse Nazaré, que é bastante conhecida e deixa sua marca de alegria e determinação por onde passa.
No ano passado cerca de 130 pessoas passaram pelo processo de triagem do projeto, sendo que, desse total, 85 foram encaminhadas às empresas para seleções internas. No mesmo ano, 360 cadastros foram feitos e também atualizados no banco de dados do projeto, segundo informações da coordenação técnica.
164 pessoas com algum tipo de deficiência participaram dos cursos ofertados, sendo eles: informática básica, assistente administrativo, agente de portaria, entre outros. No Programa de Inclusão Profissional, em 2015, cerca de 25 pessoas passaram por processos seletivos no projeto para que fossem direcionados às empresas. Desse total, 09 deles foram incluídos no mercado de trabalho.
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