Em meio à multidão de excentricidades nas decisões dos tribunais superiores, agora emerge a duvidosa expressão "unidade da chapa presidencial". No afã de salvar ao golpe e aos golpistas discute-se, agora, se uma chapa majoritária é una. Por óbvio, isto é tecnicamente indiscutível. Se não o fosse, o que justificaria a presença de Temer na presidência? É claro - elementar, até - que se houver irregularidades no financiamento de uma campanha presidencial, essa irregularidade alcançará, de forma indivisa, à chapa. A Folha anuncia, hoje, que "após depoimento de Marcelo Odebrecht, Planalto vê risco real a Temer se chapa não for dividida". Como assim, cara pálida? Dividir o quê? Aliás, o argumento de que "a pena não excede a pessoa do acusado" é insustentável. A denúncia que ora tramita no TSE não é contra a senhora Dilma ou o senhor Michel, cada qual com seus CPFs próprios, mas contra a chapa Dilma-Temer, com CNPJ e personalidade jurídica própria. Mas, claro, em um tempo juridicamente tão excêntrico, eu já não me dou ao luxo de duvidar de nada.
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Edwar Castelo Branco é professor da UFPI - nas redes sociais.
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