Cara a cara com Lula, não havia mais a blindagem das edições seletivas para os astros da lava jato.
Não havia mais a liberdade para construir teses abstratas, suposições alinhavadas com ilações, sendo oferecidas para um cardápio viciado dos órgãos de imprensa.
Agora, seria ferro contra ferro.
E o que se viu foi um espetáculo constrangedor.
Do lado do juiz Sérgio Moro, pegadinhas, levantamento do que Lula disse em 2005, em 2007, meramente para fornecer leads para o Jornal Nacional – já que não havia nenhuma relação com as denúncias formuladas.
Da parte dos procuradores, um apego a detalhes irrelevantes, próprio de quem não tem elementos consistentes.
O mais relevante: durante anos, a opinião pública se viu ante duas posições taxativas.
De um lado, a Lava Jato garantindo ter todos os elementos para incriminar Lula.
De outro, Lula sustentando que não havia um só elemento sólido.
Fizeram um pacto com o demônio.
Mefistófeles levou os procuradores e o juiz para o alto da montanha e ofereceu a eles a celebridade.
Em troca, teriam que entregar a condenação de Lula.
Saíram como vendedores de Bíblias do velho oeste, garantindo a condenação sem ter os elementos.
E ambos ficaram presos à armadilha: a mídia perante seus espectadores; a Lava Jato perante a mídia.
O deslumbramento de Moro e dos procuradores fê-los apostar tudo em uma partida de poker.
Quando abriram as cartas, não dispunham sequer de um par de 4.
E Lula dominou a cena no discurso final, no qual deu dados precisos da campanha intransigente da mídia, controlou as tentativas do juiz de cortar sua palavra e produziu uma denúncia que, nas redes sociais, espalhar-se-á pelo mundo.
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Luis Nassif - jornalista, no site GGN - o jornal de todos os brasis.
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