Uma das principais justificativas utilizadas pelo governo federal para aprovar as Reformas Trabalhista e da Previdência é de que o mercado espera que elas aconteçam para sentir confiança na economia do país e nos ajude a sair do atoleiro.
É irônico, portanto, ver o Congresso Nacional negociando a aprovação de perdão ou renegociação (a perder de vista) de dívidas de empresas com o país, que somam vários bilhões, em nome da aprovação das mesmas reformas.
O texto que passou pela comissão especial no Congresso Nacional para discutir o Programa de Regularização Tributária prevê o parcelamento das dívidas em até 180 meses e garante às empresas devedoras o direito a até 90% de desconto em multas. O governo atua para que a mordida seja menor, mas há parlamentares que batem o pé.
Ao mesmo tempo, o governo Temer fez um acordo com a bancada ruralista para perdoar juros e conceder descontos sobre as dívidas bilionárias com o Fundo de Amparo ao Trabalhador Rural (Funrural) em nome do apoio às reformas. Mesmo assim, tramita no Senado uma proposta de perdão geral e irrestrito.
A bem da verdade, não é necessário ao governo ''comprar'' o apoio de parlamentares para aprovação da Reforma Trabalhista geral, da Reforma Trabalhista Rural e da nova Lei da Terceirização – sonhos de consumo de parte de industriais, comerciantes e do agronegócio. Isso eles aprovam atendendo ao pedido de suas financiadoras de campanha ou mesmo de seus interesses pessoais, considerando que a bancada de empresários no Congresso Nacional é grande. Tanto que a Reforma Trabalhista que saiu do Planalto era menor e se tornou uma massa gigante e disforme pelas mãos da Câmara.
A Reforma da Previdência, por sua vez, interessa mais aos bancos e ao sistema financeiro. E ela vai custar votos – e talvez até a reeleição – de muitos deles. Vão precisar, portanto, de doações das pessoas físicas de empresários e acionistas em suas campanhas no ano que vem.
Resumindo: parlamentares afirmam que apoiarão as reformas, que são do interesse de empresas, se as empresas forem beneficiadas, antes, com perdão de dívidas – que pioram o quadro de déficit que está na justificativa de origem das próprias reformas.
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