Enquanto o país aguarda o desfecho da votação da Câmara dos Deputados para processar o presidente Temer, mais uma criança é morta por tiros de fuzil que nunca se sabe se proveniente de armas da polícia ou de traficantes, como agora se chamam quaisquer criminosos que empunham armas de alto poder de fogo.
Os traficantes de drogas ilícitas são, talvez, menos conhecidos do que os que traficam influência nos Poderes da República. Estes causam muito mais danos à sociedade do que os que se expõem na disputa diária contra a polícia e contra os seus concorrentes no crime e na violência. Na verdade, quase a maioria dos traficantes de drogas não consegue comemorar os trinta anos de idade, vítimas, também, da disputa pelo poder criminoso.
Outros criminosos que gozavam da complacência e dos favores dos eleitores estão sendo levados à prisão e, mesmo cumprindo pena, e com seus GPS atados às pernas, saem às ruas avisando que voltarão ao poder para completar a rapina que deixaram para trás.
Entre eles, é possível que existam inocentes ou acusados sem provas suficientes para condená-los às penas previstas na legislação. E como separar uns dos outros se quase todos estão envolvidos em situações parecidas com a piada do batom na cueca? É difícil acreditar que a inocência possa sobreviver num antro tão pernicioso de uma nação que deixou de ser do futuro para querer voltar a ser do passado, sob o comando da maior quadrilha que já passou em nossas paragens.
O país não suporta mais o cinismo dos governantes que acumulam fortunas e confessam ser “caixa 2” ou sobras de campanha. E, nas suas contas, o saldo é de milhões de dólares. É este dinheiro, além da péssima administração pública, que deixa os nossos jovens serem cooptados pelo tráfico de drogas e levados à prisão, onde ficam aguardando julgamento e se preparando para novas missões criminosas.
Agora, o exemplo é mais forte, pois os novos mestres lhes ensinarão que, com poder político e uma caneta na mão, o risco de ser preso é mínimo e com privilégios que garantem incolumidade física e instalações confortáveis – isto quando não ficam em casa cumprindo suas penas, ou livres, se fizerem delações premiadíssimas acusando sem provas, sem lenços ou documentos.
– Que droga! Disse a moça no ônibus lotado e parado numa blitz policial em busca de um usuário portando um baseado no bolso.
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Paulo Castelo Branco é advogado brasiliense e nascido em Parnaíba, Piauí.
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