Quase tudo nos governos petistas desagradava às elites que dominam secularmente o Brasil. As políticas sociais, que ajudaram a distribuir renda, eram acusadas de eleitoreiras. A política externa ao romper com a subserviência aos Estados Unidos e, sem romper com a grande potência, procurar ampliar nossas fronteiras diplomáticas e comerciais foi vista como aventura. A ideia genial de usar moedas próprias pra transacionar com os parceiros do BRICS - Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, foi tomada como grave ameça a hegemonia do dólar, portanto do Estados Unidos.
De costas para o Brasil, tomado apenas como lugar pra ganhar dinheiro, os donos do poder não podiam tolerar que um líder operário liderasse os brasileiros na construção de uma nação altiva e altaneira, com mudanças cada vez mais profundas na pirâmide da distribuição de renda. Sem votos pra viabilizar seu programa de retorno à agenda dos ricos, a direita teve que optar pelo golpe (e para ela dar golpe não é novidade alguma; fez isto diversas vezes no século XX): afastamento da presidente Dilma Rousseff, criminalização do PT e de Lula. A novidade é que não precisaram recorrer à força das armas. Foi e ainda está sendo um golpe branco perpetrado por parlamentares (oriundos de um sistema político caótico, onde grande parte dos partidos funcionam como banca de negócios), grande mídia monopolista e segmentos do aparelho de Estado. Todos a serviço do grande capital, especialmente o financeiro, que quer o Brasil de volta ao paraíso dos grandes negócios, sem risco de um governo que se meta a promover mudanças estruturais voltadas para promover melhorias na qualidade de vida de todas os filhos e filhas do Brasil.
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Merlong Solano é professor da UFPI, suplente de deputado federal (PT-PI) e secretário estadual de governo.
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