A elite - a econômica, principalmente - não gosta de assim ser tratada. Por isso, que certos escritores e cronistas, para amenizar, passaram a denominá-la de "Andar de Cima". A classe trabalhadora e os desafortunados da sorte, de "Andar de Baixo". Espremida entre essas duas estruturas sociais, a classe média (baixa?), situa-se o "Andar do Meio". Mas são as duas extremidades que vivem constantemente em desacordo. A do "Meio", é convocada, e apoia, quando em apuros se acha a de "Cima".

Na época do Império, a princesa Isabel libertou os escravos. A extremidade superior derrubou o Segundo Império. Dom Pedro II foi banido do Brasil. Na Primeira República, a oligarquia paulista-mineira alterna-se no poder, com os mesmos propósitos comercias e financistas. A outra ponta sem horizontes. Sem empregos, sem moradias. Um Brasil rural, com grandes latifundiários, onde ser meeiro já era um destaque. A Revolução de 1930 defenestrou a política do "Café com Leite". Getúlio inova o Brasil. Leis de alcance social são entregues ao povo. Foi derrubado em 1945, e voltou nos braços do povo, em 1950. Implantou a indústria siderúrgica e incentivou a criação de sindicatos. Coisa natural, pois a Inglaterra já tinha feito- consequência da luta reivindicatória dos trabalhadores das minas de carvão do País de Gales. Encurralado, suicidou-se em 1954.

Com a renúncia de Jânio Quadros, assume João Goulart. O herdeiro político de Vargas prometeu fazer a reforma agrária- e as reformas de base. Com ajuda do "Andar do Meio", e da igreja conservadora, foi "golpeado" e exilado no Uruguai. De 1964-1985, o País viveu o Regime Militar.

Nos últimos governos anteriores (a este), retorna à opção pelo social. Bolsa Família, Fies, Prouni, Luz no Campo, e outros - programas irracionais para a baronato da Avenida Paulista. O Brasil ainda não conseguiu a sua maioridade. Os ingleses, há muito tempo, através do voto, fazem a alternância de poder, entre o Partido Trabalhista e o Conservador- sem prejuízo da economia e do social. E não há beligerância entre os súditos.

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Flávio Nogueira é médico e suplente de deputado federal (PDT-PI)