Gosto do Luiz Melodia, desde o seu primeiro disco que foi lançado em 1973, mas só o conheci em 1988, quando ele veio por aqui pra fazer show. Ao me ver tocar, ele gostou logo de cara e nos tornamos conhecidos, como se diz. Em 1990 ele retornou pra se apresentar no 4 de Setembro, e saimos pela noite adentro com violão e tudo de bom. Toquei sua música "Garanto" feita em parceria com Célio José, que ele havia feito para a Lena Rios gravar em 1972. Ele quase não lembrava da canção, mas conseguimos relembrá-la todinha. Resultado: Em 1991 ele gravou Garanto de forma brilhante e pela primeira vez no disco "Pintando o Sete". Porém, retornando à noitada de 1990 em Teresina, ele gostou muito do meu tocar violão e no segundo dia de show no de Setembro, dei uma uma passada por lá antes do show e ele me disse: " Vou chamá-lo hoje pra fazer umas músicas no show", mas como ele era "mutcho louco", eu não acreditei no convite e fui pro show do Jimmy Clif que ia se apresentar no Verdão, naquela mesma noite. Resultado: Ele realmente me chamou várias vezes para subir ao palco na metade do show e eu não estava lá. Perdi essa grande oportunidade de tocar com ele.

Ano passado ele veio pelo Projeto Seis e Meia e fez um showzaço, estava muito bem. Após o show fui à casa da produtora Soraia Guimarães para encontrá-lo. Quando ele chegou, eu falei sem que ele me visse: "E aí, maluco?". Ele esbravejou, xingou ( depois, o Renato Piau me disse que ele não gostava de ser chamado de maluco), mas quando viu que era eu, aí se desmanchou, pediu desculpas e disse que eu podia xingá-lo também, rsrsr. Conversamos, tiramos foto e tudo mais, mas jamais imaginei que aquela seria a última vez que nos encontraríamos. Esse ano fique triste quando soube que ele estava doente e depois me acalmei ao saber que ele tinha feito o transplante de medula. Todavia, veio a notícia fatal de seu falecimento e me pegou de surpresa. Confesso que fiquei baqueado, lembrei bastante de Rubens Lima, que o adorava também.

Melodia arranhava um violão, mas suas canções eram bem tramadas melódico e harmonicamente. Suas letras surpreendiam, mormente, aquelas dos discos dos anos setenta, com muitas aliterações e às vezes algumas paronomásias, além dos temas super modernos que eram enfocados nas canções. De alguns anos para cá, o compositor tinha dado vazão ao intérprete, mas seu último CD intitulado Zérima" trouxe novamente o seu lado autoral. Mesmo que não fosse esse, o seu escopo, Melô deixou cunhado o seu nome na história da música popular brasileira.

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Geraldo Brito é músico, cantor e compositor piauiense - nas redes sociais.