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Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
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Mauro Sampaio

Mauro Sampaio

mauroadrianosampaio@gmail.com

27/12/2017 - 15h47

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Mauro Sampaio

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27/12/2017 - 15h47

Galeano, em De pernas pro ar - a escola do mundo ao avesso

Livro publicado em 1998, mais atual do que nunca, afirma que "a economia mundial é a mais eficiente expressão do crime organizado".

 

De Eduardo Galeano, em seu livro "De pernas pro ar - a escola do mundo ao avesso", publicado em 1998, mais atual do que nunca:

- Quando um delinquente mata por dívida não paga, a execução se chama "ajuste de contas"; e se chama "plano de ajuste" a execução de um país endividado, quando a tecnocracia internacional resolve liquidá-lo. 

A corja financeira sequestra os países e os arrasa se não pagam o resgate. Comparado com ela, qualquer bandidão é mais inofensivo do que Drácula à luz do sol. 

A economia mundial é a mais eficiente expressão do crime organizado. Os organismos internacionais que controlam a moeda, o comércio e o crédito praticam o terrorismo contra os países pobres e contra os pobres de todos os países, com uma frieza profissional e uma impunidade que humilham o melhor dos lança-bombas.
 
A arte de enganar o próximo, que os vigaristas praticam caçando incautos pelas ruas, chega ao sublime quando alguns políticos de sucesso exercitam seus talentos. Nos subúrbios do mundo, chefes de estado vendem saldos e retalhos de seus países, a preço de liquidação de fim de temporada, como nos subúrbios das cidades os delinquentes vendem, a preço vil, o butim de seus assaltos. 

...Os bancos mais conceituados são os que mais narcodólares lavam e mais dinheiro roubado guardam...São dignos de impunidade e felicitações aqueles que matam mais pessoas em menos tempo, aqueles que ganham dinheiro com menos trabalho e aqueles que exterminam mais natureza com menos custo.
 
Caminhar é um perigo e respirar é uma façanha nas grandes cidades do mundo ao avesso. Quem não é prisioneiro da necessidade é prisioneiro do medo: uns não dormem por causa da ânsia de ter o que não têm; outros não dormem por causa do pânico de perder o que têm. O mundo ao avesso nos adestra para ver o próximo como uma ameaça e não como uma promessa, nos reduz à solidão e nos consola com drogas químicas e amigos cibernéticos. Estamos condenados a morrer de fome, a morrer de medo ou a morrer de tédio, isso se uma bala perdida não vier abreviar nossa existência.

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