Facebook
  RSS
  Whatsapp
Sabado, 02 de novembro de 2024
Colunas /

VC no Acesse

VC no Acesse

acessepiaui@hotmail.com

31/12/2017 - 07h47

Compartilhe

VC no Acesse

acessepiaui@hotmail.com

31/12/2017 - 07h47

O furo do Juca Kfouri em "Confesso que perdi"

O título do livro do jornalista faz um intertexto com o “Confesso que vivi”, do poeta chileno Pablo Neruda. Bem, as semelhanças param por aí...

Capa do livro “Confesso que Perdi” de Juca Kfouri

 Capa do livro “Confesso que Perdi” de Juca Kfouri

De ontem pra hoje li as memórias do jornalista esportivo Juca Kfouri, cujo título faz um intertexto com o “Confesso que vivi”, do poeta chileno Pablo Neruda. Bem, as semelhanças param por aí, seria até pusilânime comparar.
*
Juca é justo, sério e comprometido, faz diferença no jornalismo esportivo, com interessantes expedientes de cultura geral e, principalmente, boa voltagem política, talvez por sua formação uspiana em sociologia e histórico de engajamento. O texto é leve e solto, comum nas escritas de si praticadas no recorte da crônica, com histórias curiosas e saborosas, bem como revelações das tramas políticas do indefectível modo corrupto de gestão que crassa no Brasil em todos os campos, nos de futebol não seria diferente. 
*
Juca é corintiano incurável, confesso que fiz leitura dinâmica nas passagens apaixonadas de louvores ao Corinthians (para um são-paulino é complicado, entendam...), mas a leitura é prazerosa, e de certa forma, ajuda a pensar o Brasil. E creio mesmo que o futebol seja um fenômeno de notória riqueza como investigação cultural, antropológica e até psicossocial. Em uma aparentemente simples reflexão Juca diz: “Copas se ganha e se perde, e não há melhor professor para nos ensinar a conviver com a frustração do que o futebol.” Para quem acompanha jogos há uma grande chance de economizar em divãs analistas.
*
Nelson Rodrigues, escritor que entornou a literatura e a moral brasileiras, era um refinado cronista esportivo. Torcedor passionalíssimo do tricolor Fluminense, em crônica de 1976, comentando e sofrendo uma derrota fragorosa de seu clube para o Corinthians encerrou-a assim: “O bom guerreiro conhece tudo, menos a capitulação. Aprende-se com uma vitória, um empate, uma derrota. Só a ociosidade não ensina coisa nenhuma”.

-----------------------
Feliciano Bezerra é professor da Uespi - nas redes sociais. 

Comentários