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Quinta-feira, 28 de novembro de 2024
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Mauro Sampaio

Mauro Sampaio

mauroadrianosampaio@gmail.com

02/03/2018 - 10h16

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Mauro Sampaio

mauroadrianosampaio@gmail.com

02/03/2018 - 10h16

O "progresso" de uma intervenção do exército contra favelados

O golpe de 1964 e o convite para intervir de 2018 refletem a mesma mania nacional de apelar para os militares como uma espécie de instância final antes do caos.

 

De Luís Fernando Veríssimo, na crônica Rotinas, de 01 de março de 2018, mostrando o "progresso" de uma intervenção do exército contra os favelados do Rio de Janeiro:

- Progredimos. Em 1964, os militares se autoconvocaram para salvar o Brasil do comunismo, do anarco-sindicalismo, do tropicalismo e de outras ameaças à civilização cristã, definidas pelo Departamento de Estado americano e pelo Magalhães Pinto. Governaram o país durante 20 anos, deixando um rastro de arbítrio e sangue — e, reconheçamos, um passável sistema nacional de comunicação. Em 2018, um general foi chamado para pôr ordem na bagunça do Rio, com uma missão definida, num local definido e contra um inimigo definido — que em 64 já existia, só não tinha fuzis de assalto. Ao contrário dos generais de 1964, o general de 2018 não vai se instalar no poder — ou vai, não se sabe, bata na madeira —, e seu mandato, também definido, é de um ano. Se o general de agora tiver sucesso, sua intervenção pode se expandir no espaço e no tempo, para o resto do país e para 20 anos ou mais. De qualquer maneira, o golpe de 1964 e o convite para intervir de 2018 refletem a mesma mania nacional de apelar para os militares como uma espécie de instância final antes do caos. Ou o caos, ou eles. Como se o apelo aos militares não fosse um ingrediente do caos e uma evidência de falência.

Complemento meu:

Exército que permitiu nos anos de chumbo que o tráfico de drogas e armas convivesse pacificamente com a luta contra o comunismo, o ateísmo e todo e qualquer vagabundismo de esquerda. Já pensou se prenderem ou abaterem um chefe de tráfico ateu e comunista? Vai ter passeata da família carregando fuzis benzidos, com o juiz machão Bretas à frente, para sair bem na foto e nos holofotes. Será o dia da reeleição de Temer.

El País

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