Eu, Maria Sueli, hoje senti uma dor que me lembrou outra dor, a do dia 17 de dezembro de 1989, o dia em que Lula perdeu a eleição no segundo turno da eleição presidencial para Fernando Collor de Mello sob o alimento de uma farsa de que o Lula tinha mandado abortar uma filha que, curiosamente ele mesmo criou. E com isso a Globo montou uma farsa de que ele tinha perdido o debate para Collor. Até então havia muitas indicações de que Lula poderia ser eleito. Eu era delegada do PT na apuração das urnas da minha minúscula cidade Francinópolis, Piauí. O resultado que foi aparecendo das urnas foi cada vez mais me entristecendo! E no final era um sentimento de vazio, de tristeza, como se eu tivesse perdido um ente muito querido. A tristeza era tanta que tive febre!
Hoje, 07 de abril, tenho um sentimento que me fez lembrar aquele 1989! Passei o dia numa atividade tentando não pensar no que estava acontecendo no país. E agora à noite, eu sozinha, muitos quilômetros longe das pessoas muito importantes na minha vida, tento ver as notícias pelo celular e sinto uma tristeza muito profunda e começo até me sentir febril!
Fico sem entender a crueldade das comemorações! E fico pensando nem mesmo se eu fosse da elite, branca, muito rica e detestasse todas as políticas sociais do PT, eu tenho certeza de que não estaria comemorando! Eu estaria triste, não do mesmo tanto, mas estaria triste! Tristeza pela formação cristã que recebi, que não devemos comemorar a tristeza de um também filho de Deus! Especialmente, quando este tem mais de 70 anos e enfrenta a tristeza de uma segunda viuvez!
Triste por que estaria envergonhada com as lambanças que o judiciário brasileiro fez, quando eu achava que já estávamos brincando de adultos no jogo das nações, que tínhamos instituições fortes por atuarem corretamente, não por atuarem arbitrariamente. Pelo menos por estas duas razões, eu estaria triste. Como não sou da elite, nem sou branca, nem rica e ainda por cima sou militante de esquerda, eu não estou triste só por essas duas razões: estou triste por razões parecidas com as de 1989!
Estou de luto por Marielle, estou de luto pela finada democracia brasileira que um dia achei que existia, estou de luto pelo finado direito que não é direito, é arbitrariedade, estou de luto por essas comemorações que me fazem lembrar comemorações das torturas da escravidão, comemorações das torturas durante o tão jovem ainda regime militar!
Estou de luto pela cegueira das pessoas que afirmam haver pouquíssimas pessoas em São Bernardo e nas ruas do Brasil, atestando já uma baixa popularidade do Lula! Uma cegueira muito parecida com a que não enxerga negro nem racismo no Brasil. Quero o abraço das minhas amigas para chorar junto com elas, sei que elas também estão tão triste quanto eu!
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Maria Sueli Rodrigues de Sousa - professora da UFPI - nas redes sociais.
Hoje, 07 de abril, tenho um sentimento que me fez lembrar aquele 1989! Passei o dia numa atividade tentando não pensar no que estava acontecendo no país. E agora à noite, eu sozinha, muitos quilômetros longe das pessoas muito importantes na minha vida, tento ver as notícias pelo celular e sinto uma tristeza muito profunda e começo até me sentir febril!
Fico sem entender a crueldade das comemorações! E fico pensando nem mesmo se eu fosse da elite, branca, muito rica e detestasse todas as políticas sociais do PT, eu tenho certeza de que não estaria comemorando! Eu estaria triste, não do mesmo tanto, mas estaria triste! Tristeza pela formação cristã que recebi, que não devemos comemorar a tristeza de um também filho de Deus! Especialmente, quando este tem mais de 70 anos e enfrenta a tristeza de uma segunda viuvez!
Triste por que estaria envergonhada com as lambanças que o judiciário brasileiro fez, quando eu achava que já estávamos brincando de adultos no jogo das nações, que tínhamos instituições fortes por atuarem corretamente, não por atuarem arbitrariamente. Pelo menos por estas duas razões, eu estaria triste. Como não sou da elite, nem sou branca, nem rica e ainda por cima sou militante de esquerda, eu não estou triste só por essas duas razões: estou triste por razões parecidas com as de 1989!
Estou de luto por Marielle, estou de luto pela finada democracia brasileira que um dia achei que existia, estou de luto pelo finado direito que não é direito, é arbitrariedade, estou de luto por essas comemorações que me fazem lembrar comemorações das torturas da escravidão, comemorações das torturas durante o tão jovem ainda regime militar!
Estou de luto pela cegueira das pessoas que afirmam haver pouquíssimas pessoas em São Bernardo e nas ruas do Brasil, atestando já uma baixa popularidade do Lula! Uma cegueira muito parecida com a que não enxerga negro nem racismo no Brasil. Quero o abraço das minhas amigas para chorar junto com elas, sei que elas também estão tão triste quanto eu!
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Maria Sueli Rodrigues de Sousa - professora da UFPI - nas redes sociais.
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