“Nunca perca a fé na humanidade,pois ela é como um oceano. Só porque existem algumas gotas de água suja nele, não quer dizer que ele esteja sujo por completo.” (Mahatma Ghandi)
“Quando você notar que cometeu um engano, tome providências imediatas para corrigi-lo.” (Provérbio chinês)
Auta é o nome de uma mulher, uma mulher afrodescendente piauiense que violentou a história piauiense, e atualmente faz parte da história piauiense e brasileira. Não sabemos quando ela veio ao mundo, mas que nasceu e viveu em Amarante/PI no século XIX, no período em que existia a escravidão.
No tempo que era jovem Auta trabalhou como ama de Jerônimo Antônio da Cunha e Silva. Como ela era uma afrodescendente linda, formosa; era amada pelos homens afrodescendentes, os homens brancos da casa e da região a contemplavam com cobiça, cortejavam-na, agiram assim até conseguir lhe seduzir e o fruto dessa ação foi um filho.Após descobrir que ela estava grávida, os seus patrões despediram-na.O filho de Auta nasceu e pouco tempo depois ela contraiu tuberculose e foi abandonada numa casa paupérrima na periferia da cidade. Auta foi obrigada a vender o corpo para poder sobreviver,criar o seu filho, em outras palavras,teve que assumir a prostituição como profissão.
A mulher de Jerônimo, o ex-patrão de Auta, resolveu passear pela cidade, encontrou a ex-empregada numa situação precária, acolheu-a, recolheu-a outra vez na sua casa, ela e o esposo cuidaram da enferma até o seu falecimento Enterrá-la é que foi o (grande) problema. Quando quiseram inumar Auta, o enterro no cemitério paroquial foi proibido.Jerônimo e a esposa revoltaram-se, indignados com aquela injusta proibição. Aconteceram diversas discriminações contra a defunta:ela foi discriminada porque que era mulher, afrodescendente, pobre e prostituta.
Esses foram de fato os motivos da interdição, A dupla que a acolheu não se rendeu à decisão da igreja e de grande parte da sociedade amarantina que demonstrou ser discriminadora,preconceituosa e racita .Apesar da ação discriminadora, o casal recebeu apoio de pessoas afrodescendentes e não afrodescendentes da cidade, decidiu sepultar a falecida do lado de fora, próximo à porta do cemitério de Amarante.
As pessoas que viviam em Amarante acompanharam a vida de Auta desde o seu nascimento até os seus últimos dias de vida.Vendo o que lhe aconteceu em vida e após a sua morte, muitas pessoas de todas as etnias, classe e crença passaram a lhe venerar, considerá-la uma alma milagrosa, passaram a lhe fazer promessas e muitas dessas pessoas foram atendidas e isto fez com que Auta fosse venerada e a devoção a ela se propagasse não apenas na cidade, mas na região.
O local onde Auta foi sepultada passou a ser visitado com frequência, essa peregrinação ainda continua acesa, a cova dela é muito conhecida e visitada como se ela fosse uma santa; muitas pessoas fazem pedidos,orações e acendem velas onde ela foi enterrada, como pagamento de suas promessas.
Um devoto da finada Auta mandou construir uma catacumba para ela e a mesma vive enegrecida de constante fumaça de velas.
Auta é venerada até hoje, mas até hoje as mulheres que vendem o corpo, ou seja voluntaria ou involuntariamente trabalham como prostitutas são discriminadas. Espero que em pleno século XXI fatos semelhantes não mais estejam acontecendo no Brasil e no mundo. Desejo que as Autas do Século XXI não sejam discriminadas, vivam com dignidade e que lhes seja permitido exercer plenamente a sua cidadanias.
OKOLOFÉ! OKOLOFÉ, MALUNGA AUTA.
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Ruimar Batista - especialista em Administração e Elaboração de Projetos Sociais, engenheiro agrimessor. Militante do Movimento Negro, pesquisador no campo de africanidades e afrodescendências, filosofias e religiões de matriz africana. Escritor, poeta, legrista/compositor, roteirista de cinema. É autor do livro "Negridade".
“Quando você notar que cometeu um engano, tome providências imediatas para corrigi-lo.” (Provérbio chinês)
Auta é o nome de uma mulher, uma mulher afrodescendente piauiense que violentou a história piauiense, e atualmente faz parte da história piauiense e brasileira. Não sabemos quando ela veio ao mundo, mas que nasceu e viveu em Amarante/PI no século XIX, no período em que existia a escravidão.
No tempo que era jovem Auta trabalhou como ama de Jerônimo Antônio da Cunha e Silva. Como ela era uma afrodescendente linda, formosa; era amada pelos homens afrodescendentes, os homens brancos da casa e da região a contemplavam com cobiça, cortejavam-na, agiram assim até conseguir lhe seduzir e o fruto dessa ação foi um filho.Após descobrir que ela estava grávida, os seus patrões despediram-na.O filho de Auta nasceu e pouco tempo depois ela contraiu tuberculose e foi abandonada numa casa paupérrima na periferia da cidade. Auta foi obrigada a vender o corpo para poder sobreviver,criar o seu filho, em outras palavras,teve que assumir a prostituição como profissão.
A mulher de Jerônimo, o ex-patrão de Auta, resolveu passear pela cidade, encontrou a ex-empregada numa situação precária, acolheu-a, recolheu-a outra vez na sua casa, ela e o esposo cuidaram da enferma até o seu falecimento Enterrá-la é que foi o (grande) problema. Quando quiseram inumar Auta, o enterro no cemitério paroquial foi proibido.Jerônimo e a esposa revoltaram-se, indignados com aquela injusta proibição. Aconteceram diversas discriminações contra a defunta:ela foi discriminada porque que era mulher, afrodescendente, pobre e prostituta.
Esses foram de fato os motivos da interdição, A dupla que a acolheu não se rendeu à decisão da igreja e de grande parte da sociedade amarantina que demonstrou ser discriminadora,preconceituosa e racita .Apesar da ação discriminadora, o casal recebeu apoio de pessoas afrodescendentes e não afrodescendentes da cidade, decidiu sepultar a falecida do lado de fora, próximo à porta do cemitério de Amarante.
As pessoas que viviam em Amarante acompanharam a vida de Auta desde o seu nascimento até os seus últimos dias de vida.Vendo o que lhe aconteceu em vida e após a sua morte, muitas pessoas de todas as etnias, classe e crença passaram a lhe venerar, considerá-la uma alma milagrosa, passaram a lhe fazer promessas e muitas dessas pessoas foram atendidas e isto fez com que Auta fosse venerada e a devoção a ela se propagasse não apenas na cidade, mas na região.
O local onde Auta foi sepultada passou a ser visitado com frequência, essa peregrinação ainda continua acesa, a cova dela é muito conhecida e visitada como se ela fosse uma santa; muitas pessoas fazem pedidos,orações e acendem velas onde ela foi enterrada, como pagamento de suas promessas.
Um devoto da finada Auta mandou construir uma catacumba para ela e a mesma vive enegrecida de constante fumaça de velas.
Auta é venerada até hoje, mas até hoje as mulheres que vendem o corpo, ou seja voluntaria ou involuntariamente trabalham como prostitutas são discriminadas. Espero que em pleno século XXI fatos semelhantes não mais estejam acontecendo no Brasil e no mundo. Desejo que as Autas do Século XXI não sejam discriminadas, vivam com dignidade e que lhes seja permitido exercer plenamente a sua cidadanias.
OKOLOFÉ! OKOLOFÉ, MALUNGA AUTA.
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Ruimar Batista - especialista em Administração e Elaboração de Projetos Sociais, engenheiro agrimessor. Militante do Movimento Negro, pesquisador no campo de africanidades e afrodescendências, filosofias e religiões de matriz africana. Escritor, poeta, legrista/compositor, roteirista de cinema. É autor do livro "Negridade".
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