Um tal movimento família brasileira sem partido convocou a população para uma greve geral. Dito apolítico e apartidário, mas fanático por uma intervenção militar, passando por cima das eleições de outubro. Algum tipo de demência aflige essas pessoas, boa parte jovem, nem nascidas à época em que os militares desmandaram no Brasil. Sem lições de história, imaginam uma espécie de paraíso implantado pelos generais ditadores.
Recorro ao historiador Jorge Caldeira, em História da Riqueza no Brasil, sobre o período 1964-1985:
A ditadura entregou o Governo Federal de porteira fechada, nas condições lastimáveis em que estava um futuro que era cada vez mais passado, um passado que tinha cada vez menos futuro. Mais do que erros estratégicos em relação às circunstâncias mundiais, o crescimento econômico baixo, a dívida externa e a inflação, a reinstauração de um governo minimamente democrático exigia a superação de desafios que iam bastante além de recuperar o desempenho produtivo.
A política de reajuste salarial retirava dinheiro dos trabalhadores em benefício do capital. Como resultado da violenta compressão, houve uma enorme queda real nos rendimentos do trabalho, entre 1964 e 1974 a perda de poder aquisitivo do salário mínimo (que fornecia a base para todos os reajustes) foi de nada menos de 42%.
A migração para as cidades transformava produtores independentes rurais em trabalhadores precários nas periferias urbanas, com menor participação na riqueza e com menos oportunidades de sobreviver como empreendedores.
Tudo isso se refletiu no coeficiente de Gini, criado especialmente para medir os níveis de desigualdade social. Em 1960, esse índice era de 0,497 no Brasil. Em 1970 chegou a 0,562, o que já indicava um aumento na concentração de renda. Em 1972 o índice atingiu 0,622 e manteve-se nesse patamar elevado até o final da década de 1980.
Em termos proporcionais, enquanto a ditadura intervinha nas atividade empresariais, atividades como educação e saúde passaram a contar com menos recursos, o que levou à degradação desses serviços para a população. Para completar, o governo fez maus negócios a partir da década de 1970.
Não se sabia quão caro era esse governo ditatorial, pois a população pagava a conta sobretudo pela via da inflação descontrolada, resultado do pagamento das dívidas públicas com papel impresso. Quão ineficiente também ninguém sabia, em decorrência de uma série de distorções internas (correção monetária, subsídios, preços controlados, reservas de mercado, tabelamentos etc.), que tornavam impossível a comparação com as economias do restante do mundo.
Assim foram os ditadores do regime militar, e o que entregaram não foi o produto de seu sonho 'técnico', mas uma nação dilacerada pela concentração econômica e política, de um lado, e, de outro, pelo fracasso na produção e na gestão.
Recorro ao historiador Jorge Caldeira, em História da Riqueza no Brasil, sobre o período 1964-1985:
A ditadura entregou o Governo Federal de porteira fechada, nas condições lastimáveis em que estava um futuro que era cada vez mais passado, um passado que tinha cada vez menos futuro. Mais do que erros estratégicos em relação às circunstâncias mundiais, o crescimento econômico baixo, a dívida externa e a inflação, a reinstauração de um governo minimamente democrático exigia a superação de desafios que iam bastante além de recuperar o desempenho produtivo.
A política de reajuste salarial retirava dinheiro dos trabalhadores em benefício do capital. Como resultado da violenta compressão, houve uma enorme queda real nos rendimentos do trabalho, entre 1964 e 1974 a perda de poder aquisitivo do salário mínimo (que fornecia a base para todos os reajustes) foi de nada menos de 42%.
A migração para as cidades transformava produtores independentes rurais em trabalhadores precários nas periferias urbanas, com menor participação na riqueza e com menos oportunidades de sobreviver como empreendedores.
Tudo isso se refletiu no coeficiente de Gini, criado especialmente para medir os níveis de desigualdade social. Em 1960, esse índice era de 0,497 no Brasil. Em 1970 chegou a 0,562, o que já indicava um aumento na concentração de renda. Em 1972 o índice atingiu 0,622 e manteve-se nesse patamar elevado até o final da década de 1980.
Em termos proporcionais, enquanto a ditadura intervinha nas atividade empresariais, atividades como educação e saúde passaram a contar com menos recursos, o que levou à degradação desses serviços para a população. Para completar, o governo fez maus negócios a partir da década de 1970.
Não se sabia quão caro era esse governo ditatorial, pois a população pagava a conta sobretudo pela via da inflação descontrolada, resultado do pagamento das dívidas públicas com papel impresso. Quão ineficiente também ninguém sabia, em decorrência de uma série de distorções internas (correção monetária, subsídios, preços controlados, reservas de mercado, tabelamentos etc.), que tornavam impossível a comparação com as economias do restante do mundo.
Assim foram os ditadores do regime militar, e o que entregaram não foi o produto de seu sonho 'técnico', mas uma nação dilacerada pela concentração econômica e política, de um lado, e, de outro, pelo fracasso na produção e na gestão.
Mauro Sampaio
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