Por que as pessoas não estão dando a menor bola para a Copa do Mundo?
Na Áustria, torcedores brasileiros passaram o dia na sexta-feira em frente ao hotel em Viena, onde a seleção ficaria hospedada para o amistoso de domingo, o último antes da bola rolar na Rússia.
Queriam apenas ver e saudar os jogadores do seu país, mas se decepcionaram. A delegação entrou pela porta dos fundos do hotel e ninguém mais pode ser visto.
Esta cena triste de desprezo pela torcida registrada pela equipe do Esporte Interativo resume bem o distanciamento existente entre a torcida e a sua seleção.
Às vésperas do início da Copa, o clima no país é de frieza e desinteresse, como se o Brasil tivesse sido eliminado e não fosse um dos favoritos para a conquista do título.
O motivo é simples: dos 23 jogadores do elenco, apenas três atuam em times brasileiros.
A seleção de “estrangeiros” virou o “time do Tite”, nada mais tem a ver com o pobre futebol brasileiro. Não há mais identificação entre a arquibancada e o gramado.
Muitos desses jogadores foram embora do Brasil ainda meninos, acabou a rivalidade entre as grandes torcidas para ver quem cedia mais jogadores à seleção.
A disputa não é mais entre Santos e Botafogo, São Paulo, Palmeiras e Corinthians, Cruzeiro e Atlético, Grêmio e Inter, mas entre o Manchester City, que cedeu quatro jogadores, e o Paris Saint Germain, com três.
Na Europa, onde joga a maioria, os times trocam muitos passes, mas sempre para a frente, num ritmo alucinante, sempre em busca do gol adversário.
Aqui, também trocam muitos passes, mas em seu campo de defesa, tocando para o lado ou para trás num jogo de tico-tico (não confundir com o tiki-taka de Guardiola), que nivela grandes times com pequenos, craques com pernas de pau.
Na Europa, quando fazem um gol, os times continuam no ataque para marcar o segundo, o terceiro, quantos der.
Aqui, quando conseguem marcar um golzinho, logo recuam todo mundo para garantir o resultado até levar o empate.
O time de Tite, que só herdou da seleção canarinho a camisa, procura jogar como os europeus. Em quase nada lembra o futebolzinho burocrático e chato que vemos no Brasileirão.
Pode ser que tudo mude com as primeiras vitórias na Rússia, mas o encanto se quebrou quando o Brasil passou a ser um exportador de pé-de-obra, sob o comando dos cartolas da CBF, a Casa Bandida do Futebol, na perfeita definição do Juca Kfouri.
O sonho dos jovens craques que ainda aparecem não é mais chegar à seleção brasileira, mas jogar na Europa.
A pátria de chuteiras virou a pátria da grana preta, do leve vantagem em tudo, e não só em Brasília.
Quase não se vê torcedores com a camisa da seleção nas ruas, confundida que foi com a dos patos amarelos.
O futebol tornou-se um grande negócio para poucos e a seleção brasileira é apenas um reflexo do desmonte do país.
Por enquanto, a Copa do Mundo 2018 é uma grande festa somente nos intervalos comerciais da TV.
Vida que segue.
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Ricardo Kotscho é jornalista - no blog Balaio do Kotscho.
Na Áustria, torcedores brasileiros passaram o dia na sexta-feira em frente ao hotel em Viena, onde a seleção ficaria hospedada para o amistoso de domingo, o último antes da bola rolar na Rússia.
Queriam apenas ver e saudar os jogadores do seu país, mas se decepcionaram. A delegação entrou pela porta dos fundos do hotel e ninguém mais pode ser visto.
Esta cena triste de desprezo pela torcida registrada pela equipe do Esporte Interativo resume bem o distanciamento existente entre a torcida e a sua seleção.
Às vésperas do início da Copa, o clima no país é de frieza e desinteresse, como se o Brasil tivesse sido eliminado e não fosse um dos favoritos para a conquista do título.
O motivo é simples: dos 23 jogadores do elenco, apenas três atuam em times brasileiros.
A seleção de “estrangeiros” virou o “time do Tite”, nada mais tem a ver com o pobre futebol brasileiro. Não há mais identificação entre a arquibancada e o gramado.
Muitos desses jogadores foram embora do Brasil ainda meninos, acabou a rivalidade entre as grandes torcidas para ver quem cedia mais jogadores à seleção.
A disputa não é mais entre Santos e Botafogo, São Paulo, Palmeiras e Corinthians, Cruzeiro e Atlético, Grêmio e Inter, mas entre o Manchester City, que cedeu quatro jogadores, e o Paris Saint Germain, com três.
Na Europa, onde joga a maioria, os times trocam muitos passes, mas sempre para a frente, num ritmo alucinante, sempre em busca do gol adversário.
Aqui, também trocam muitos passes, mas em seu campo de defesa, tocando para o lado ou para trás num jogo de tico-tico (não confundir com o tiki-taka de Guardiola), que nivela grandes times com pequenos, craques com pernas de pau.
Na Europa, quando fazem um gol, os times continuam no ataque para marcar o segundo, o terceiro, quantos der.
Aqui, quando conseguem marcar um golzinho, logo recuam todo mundo para garantir o resultado até levar o empate.
O time de Tite, que só herdou da seleção canarinho a camisa, procura jogar como os europeus. Em quase nada lembra o futebolzinho burocrático e chato que vemos no Brasileirão.
Pode ser que tudo mude com as primeiras vitórias na Rússia, mas o encanto se quebrou quando o Brasil passou a ser um exportador de pé-de-obra, sob o comando dos cartolas da CBF, a Casa Bandida do Futebol, na perfeita definição do Juca Kfouri.
O sonho dos jovens craques que ainda aparecem não é mais chegar à seleção brasileira, mas jogar na Europa.
A pátria de chuteiras virou a pátria da grana preta, do leve vantagem em tudo, e não só em Brasília.
Quase não se vê torcedores com a camisa da seleção nas ruas, confundida que foi com a dos patos amarelos.
O futebol tornou-se um grande negócio para poucos e a seleção brasileira é apenas um reflexo do desmonte do país.
Por enquanto, a Copa do Mundo 2018 é uma grande festa somente nos intervalos comerciais da TV.
Vida que segue.
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Ricardo Kotscho é jornalista - no blog Balaio do Kotscho.
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