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acessepiaui@hotmail.com

24/06/2018 - 19h58

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TRATADO DE CULTURA INÚTIL: A Lei de Gerson

A Lei de Gerson se resume num único artigo: “Deve-se levar vantagem em tudo, independentemente dos meios empregados para tal fim”.

Gerson fez propaganda do cigarro Vila Rica, cujo slogan era levar vantagem

 Gerson fez propaganda do cigarro Vila Rica, cujo slogan era levar vantagem

No Brasil, há uma lei que, embora não figure em nenhum texto legal, é amplamente utilizada por brasileiros de todos os estratos sociais. Trata-se da Lei de Gerson, que se resume num único artigo: “Deve-se levar vantagem em tudo, independentemente dos meios empregados para tal fim”. Na verdade, é só uma variante do famoso “jeitinho brasileiro”. O que pouca gente sabe é como nasceu a famigerada “lei”.

Vejamos: Gerson de Oliveira Nunes foi um dos mais brilhantes meio-campistas do Brasil. Jogou no Flamengo, no Botafogo, no São Paulo, no Fluminense. Consagrou-se como “o cérebro” da famosa seleção de 1970 quando o Brasil sagrou-se tricampeão do mundo. Gerson era canhoto, falastrão e fumante inveterado. Entre os companheiros de seleção, era conhecido como “Papagaio”.

Em 1976, foi contatado pela agência Caio Domingues & Associados para protagonizar um comercial do cigarro Vila Rica. Com sua indefectível camisa quadriculada, Gerson afirmava: “Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro? Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também, leve Vila Rica”. Não se sabe se a propaganda surtiu os efeitos desejados. O certo é que, no início da década de 80, o psicanalista Jurandir Freire Costa fez referência ao comercial infeliz e cunhou a expressão “Lei de Gerson” como sinônimo de ladinice, malandragem, conduta reprovável. Pronto: a coisa pegou.

Resumo da história: o Vila Rica deixou de ser fabricado há muito tempo; o Gerson parou de jogar futebol em l974, mas a malsinada lei continua vigendo e conspurcando o nome do jogador. Gerson ainda hoje lamenta a infelicidade da propaganda que marcaria negativamente sua trajetória. Hoje, o Midas do futebol brasileiro, entre uma queda e outra, sem o menor constrangimento, faz propaganda da cerveja Proibida, induzindo a molecada a cair de boca. Como se pode ver, ninguém aprende nada com os erros alheios.

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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais. 

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