No Brasil, há uma lei que, embora não figure em nenhum texto legal, é amplamente utilizada por brasileiros de todos os estratos sociais. Trata-se da Lei de Gerson, que se resume num único artigo: “Deve-se levar vantagem em tudo, independentemente dos meios empregados para tal fim”. Na verdade, é só uma variante do famoso “jeitinho brasileiro”. O que pouca gente sabe é como nasceu a famigerada “lei”.
Vejamos: Gerson de Oliveira Nunes foi um dos mais brilhantes meio-campistas do Brasil. Jogou no Flamengo, no Botafogo, no São Paulo, no Fluminense. Consagrou-se como “o cérebro” da famosa seleção de 1970 quando o Brasil sagrou-se tricampeão do mundo. Gerson era canhoto, falastrão e fumante inveterado. Entre os companheiros de seleção, era conhecido como “Papagaio”.
Em 1976, foi contatado pela agência Caio Domingues & Associados para protagonizar um comercial do cigarro Vila Rica. Com sua indefectível camisa quadriculada, Gerson afirmava: “Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro? Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também, leve Vila Rica”. Não se sabe se a propaganda surtiu os efeitos desejados. O certo é que, no início da década de 80, o psicanalista Jurandir Freire Costa fez referência ao comercial infeliz e cunhou a expressão “Lei de Gerson” como sinônimo de ladinice, malandragem, conduta reprovável. Pronto: a coisa pegou.
Resumo da história: o Vila Rica deixou de ser fabricado há muito tempo; o Gerson parou de jogar futebol em l974, mas a malsinada lei continua vigendo e conspurcando o nome do jogador. Gerson ainda hoje lamenta a infelicidade da propaganda que marcaria negativamente sua trajetória. Hoje, o Midas do futebol brasileiro, entre uma queda e outra, sem o menor constrangimento, faz propaganda da cerveja Proibida, induzindo a molecada a cair de boca. Como se pode ver, ninguém aprende nada com os erros alheios.
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Cineas Santos é professor, escritor, poeta e produtor cultural - nas redes sociais.
Vejamos: Gerson de Oliveira Nunes foi um dos mais brilhantes meio-campistas do Brasil. Jogou no Flamengo, no Botafogo, no São Paulo, no Fluminense. Consagrou-se como “o cérebro” da famosa seleção de 1970 quando o Brasil sagrou-se tricampeão do mundo. Gerson era canhoto, falastrão e fumante inveterado. Entre os companheiros de seleção, era conhecido como “Papagaio”.
Em 1976, foi contatado pela agência Caio Domingues & Associados para protagonizar um comercial do cigarro Vila Rica. Com sua indefectível camisa quadriculada, Gerson afirmava: “Por que pagar mais caro se o Vila me dá tudo aquilo que eu quero de um bom cigarro? Gosto de levar vantagem em tudo, certo? Leve vantagem você também, leve Vila Rica”. Não se sabe se a propaganda surtiu os efeitos desejados. O certo é que, no início da década de 80, o psicanalista Jurandir Freire Costa fez referência ao comercial infeliz e cunhou a expressão “Lei de Gerson” como sinônimo de ladinice, malandragem, conduta reprovável. Pronto: a coisa pegou.
Resumo da história: o Vila Rica deixou de ser fabricado há muito tempo; o Gerson parou de jogar futebol em l974, mas a malsinada lei continua vigendo e conspurcando o nome do jogador. Gerson ainda hoje lamenta a infelicidade da propaganda que marcaria negativamente sua trajetória. Hoje, o Midas do futebol brasileiro, entre uma queda e outra, sem o menor constrangimento, faz propaganda da cerveja Proibida, induzindo a molecada a cair de boca. Como se pode ver, ninguém aprende nada com os erros alheios.
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