Sou jornalista por formação e professora por profissão e devoção. Não sou historiadora. Contudo, nunca pude passar indiferente, como a maioria dos jornalistas, pelo filósofo francês Paul Ricoeur nos assevera: “lembrar” é um ato político. Ricoeur nos lembra ainda: “esquecimento” é também um ato político. E neste ato político, do esquecimento, seguindo o pensamento do filósofo, estão inseridos renomear, ressignificar ou mesmo silênciar diante de fatos que não interessam a “determinados” propósitos políticos.
O Projeto Se Essa Rua Fosse Minha é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Teresina por meio da Secretária Executiva de Planejamento Urbano da SEMPLAN. Já em sua sexta edição, abre edital anualmente. Cada cidadã e cada cidadão pode tentar homenagear um parente participando do edital. Nada mais justo.
Além de um ato político é uma ação justa porque joga luz sobre pessoas aparentemente comuns em suas discretas e coerentes vida contribuíram para fazer Teresina e o Piauí melhor. Pessoas que, ao longo da vida, devotaram o bem a cidade.
Quando vamos concorrer ao edital é pedido uma breve biografia do homenageado. Em meu caso especial, passei a lembrar de minha mãe, não como a figura materna, amada e por quem temos uma saudade infinda. Perguntei a mim mesma afinal o que a cidadã Antônia Rosina Lima Dourado, mais conhecida como Antoniêta, teria feito para fazer jus a ser nome de rua. Passei a lembrar que, em sua pobreza material, dividia alimentos ajudando os retirantes da seca que subiam a rua, vindos de trem à Teresina, e vagavam pelas ruas. Mulher que que ajudava doentes e moribundos que lhe batiam a porta. Professora de arte culinária, crochet, bordados, doces típicos em Centros Sociais Urbanos - CSU pelo Serviço Social da Indústria e, em quase todos os municípios do Piauí, pela antiga Legião Brasileira de Assistência LBA.
Lembrei da amiga caridosa que carregava caldos, canjas e apoio espiritual aos internados conhecidos na Casa Mater enquanto debulhava terços em promessas pela saúde do outro.
Da mãe que além da parir sete filhos a vida lhe desafiou com mais duas filhas, somando nove.
Se essa Rua Fosse Minha nos permite fazer uma reflexão sobre a forma de recontar a história dessas vidas. De não apagar as sutis memórias, reminiscências e vestígios de quem não teve cargo, foi dono, mandatário, nobre senhor ou senhora. Mas de pessoas nobres de espírito de convivência e humanidade. Sem essas pessoas Teresina não teria essa história.
Se Esta Rua fosse Minha, não. Agora esta rua é nossa. Resta-nos desejar que em nossas memórias, possamos passar aos moradores dessas ruas a memória dos homenageados. Que esse ato brilhe mais que pedras de brilhantes na memória de nós familiares.
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Jacqueline Lima Dourado é professora doutora da UFPI - nas redes sociais.
O Projeto Se Essa Rua Fosse Minha é uma iniciativa da Prefeitura Municipal de Teresina por meio da Secretária Executiva de Planejamento Urbano da SEMPLAN. Já em sua sexta edição, abre edital anualmente. Cada cidadã e cada cidadão pode tentar homenagear um parente participando do edital. Nada mais justo.
Além de um ato político é uma ação justa porque joga luz sobre pessoas aparentemente comuns em suas discretas e coerentes vida contribuíram para fazer Teresina e o Piauí melhor. Pessoas que, ao longo da vida, devotaram o bem a cidade.
Quando vamos concorrer ao edital é pedido uma breve biografia do homenageado. Em meu caso especial, passei a lembrar de minha mãe, não como a figura materna, amada e por quem temos uma saudade infinda. Perguntei a mim mesma afinal o que a cidadã Antônia Rosina Lima Dourado, mais conhecida como Antoniêta, teria feito para fazer jus a ser nome de rua. Passei a lembrar que, em sua pobreza material, dividia alimentos ajudando os retirantes da seca que subiam a rua, vindos de trem à Teresina, e vagavam pelas ruas. Mulher que que ajudava doentes e moribundos que lhe batiam a porta. Professora de arte culinária, crochet, bordados, doces típicos em Centros Sociais Urbanos - CSU pelo Serviço Social da Indústria e, em quase todos os municípios do Piauí, pela antiga Legião Brasileira de Assistência LBA.
Lembrei da amiga caridosa que carregava caldos, canjas e apoio espiritual aos internados conhecidos na Casa Mater enquanto debulhava terços em promessas pela saúde do outro.
Da mãe que além da parir sete filhos a vida lhe desafiou com mais duas filhas, somando nove.
Se essa Rua Fosse Minha nos permite fazer uma reflexão sobre a forma de recontar a história dessas vidas. De não apagar as sutis memórias, reminiscências e vestígios de quem não teve cargo, foi dono, mandatário, nobre senhor ou senhora. Mas de pessoas nobres de espírito de convivência e humanidade. Sem essas pessoas Teresina não teria essa história.
Se Esta Rua fosse Minha, não. Agora esta rua é nossa. Resta-nos desejar que em nossas memórias, possamos passar aos moradores dessas ruas a memória dos homenageados. Que esse ato brilhe mais que pedras de brilhantes na memória de nós familiares.
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Jacqueline Lima Dourado é professora doutora da UFPI - nas redes sociais.
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