Assisti pela segunda vez, no canal Brasil, ao filme "todas as horas do fim", dos diretores Eduardo Ades e Marcus Fernando, a primeira tinha sido em novembro de 2018. A cinebiografia de Torquato encantou-me mais uma vez. Reproduzo o que escrevi à época da pré-estreia em Teresina:
“Todas as horas do fim” é um filme vigoroso, como o personagem exige. Vemos ali Torquato Neto inteiro em muitos de seus estilhaços, de linguagem, de existência e de resistência. A narrativa não glamouriza, tampouco pieguiza, mantém-se em surpreendente equilíbrio por entre as informações prestadas: o percurso biográfico; as tramas do fazer artístico; os traumas do absurdo político; os raptos e rupturas geracionais; os lances de dados da vanguarda; o sublime do amor; a pulsão de morte; o riso e as peripécias estetizantes do poeta avolumam-se na tela. A técnica documental imprime translucidez, principalmente na recolha dos depoimentos, com efeitos deliberados de um tipo de estética do precário, que se aproxima do super-8, em cuja bitola temos a maioria das imagens do nosso anjo torto. A narração em off resultou em estro poético, principalmente quando ouvimos a voz de Torquato, ele mesmo, o dono da voz, é espantoso e quase sacro. Emocionei-me profundamente com o filme...
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Feliciano Bezerra é Professor Dr. da Uespi - nas redes sociais
“Todas as horas do fim” é um filme vigoroso, como o personagem exige. Vemos ali Torquato Neto inteiro em muitos de seus estilhaços, de linguagem, de existência e de resistência. A narrativa não glamouriza, tampouco pieguiza, mantém-se em surpreendente equilíbrio por entre as informações prestadas: o percurso biográfico; as tramas do fazer artístico; os traumas do absurdo político; os raptos e rupturas geracionais; os lances de dados da vanguarda; o sublime do amor; a pulsão de morte; o riso e as peripécias estetizantes do poeta avolumam-se na tela. A técnica documental imprime translucidez, principalmente na recolha dos depoimentos, com efeitos deliberados de um tipo de estética do precário, que se aproxima do super-8, em cuja bitola temos a maioria das imagens do nosso anjo torto. A narração em off resultou em estro poético, principalmente quando ouvimos a voz de Torquato, ele mesmo, o dono da voz, é espantoso e quase sacro. Emocionei-me profundamente com o filme...
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