O trecho da narrativa abaixo é de uma cena de amor e sexo em História do Cerco de Lisboa, do escritor português, José Saramago:
"Depois, enfim, despiram-se de todo, cada um ajudando o outro ou a ele se entregando. Despe-me, disseram, e em verdade já estavam nus, mas agora é que podiam tocar-se, apalpar, sondar, de súbito Raimundo Silva atirou a roupa para trás, ali estava Maria Sara, os seios, o ventre, o púbis alto, as coxas longas, e ele, sem vergonha, esquecido de medos, mostrando-se à luz, ainda que tão pouca, apenas o lençol branco brilhava como se inundasse o luar, a noite caía muito devagar sobre a cidade, parecia que o mundo exterior se pusera à espera de um milagre novo, porém ninguém deu por ele quando aconteceu, aqui, quando os sexos destes dois se sentiram pela primeira vez, quando pela primeira vez gemeram juntos, quando surdamente gritaram, quando todas as comportas do dilúvio se abriram sobre a terra e as águas da terra, e depois a calma, o largo estuário do Tejo, dois corpos lado a lado vogando, de mãos dadas, um diz, Oh, meu amor, o outro, Que nada no futuro seja menos do que isso, e de repente ambos tiveram medo do que disseram e abraçaram-se, o quarto estava escuro, Acende a luz, disse ela, quero saber se isto é verdade."
"Depois, enfim, despiram-se de todo, cada um ajudando o outro ou a ele se entregando. Despe-me, disseram, e em verdade já estavam nus, mas agora é que podiam tocar-se, apalpar, sondar, de súbito Raimundo Silva atirou a roupa para trás, ali estava Maria Sara, os seios, o ventre, o púbis alto, as coxas longas, e ele, sem vergonha, esquecido de medos, mostrando-se à luz, ainda que tão pouca, apenas o lençol branco brilhava como se inundasse o luar, a noite caía muito devagar sobre a cidade, parecia que o mundo exterior se pusera à espera de um milagre novo, porém ninguém deu por ele quando aconteceu, aqui, quando os sexos destes dois se sentiram pela primeira vez, quando pela primeira vez gemeram juntos, quando surdamente gritaram, quando todas as comportas do dilúvio se abriram sobre a terra e as águas da terra, e depois a calma, o largo estuário do Tejo, dois corpos lado a lado vogando, de mãos dadas, um diz, Oh, meu amor, o outro, Que nada no futuro seja menos do que isso, e de repente ambos tiveram medo do que disseram e abraçaram-se, o quarto estava escuro, Acende a luz, disse ela, quero saber se isto é verdade."
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