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Redação

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acessepiaui@hotmail.com

26/06/2019 - 07h51

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26/06/2019 - 07h51

STF mantem Lula preso e adia suspeitas sobre Moro

Proposta de que Lula fosse libertado provisoriamente foi derrotada, por 3 x 2, com o voto decisivo contrário do decano da Corte, Celso de Mello.

Apoiadores de Lula diante do STF

 Apoiadores de Lula diante do STF

Luis Inácio Lula da Silva seguirá preso. Após quase cinco horas, acabou nesta terça-feira a sessão da Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) para analisar dois habeas corpus pedidos pelo ex-presidente. A maioria dos cinco magistrados resolveram negar um primeiro pedido liberdade do petista (por 4 votos x 1) e adiar a análise do segundo e mais esperado pedido, o que argumenta que o então juiz Sérgio Moro agiu de forma parcial ao julgar Lula. Uma proposta feita pelo ministro Gilmar Mendes de libertar temporariamente o ex-presidente até que fosse avaliado o mérito sobre Moro acabou derrotada, por 3 x 2, com o voto decisivo contrário do decano da Corte, Celso de Mello.

Mendes foi o protagonista da jornada. Responsável por deixar o caso de Lula sete meses parado no Supremo Tribunal Federal —ele havia pedido vistas (mais tempo para analisar) o habeas corpus relativo a Moro—, o magistrado tentou, ao que parece, amenizar as críticas que vinha sofrendo por deixar o processo sem andamento. Após os vazamentos do site The Intercept Brasil envolvendo o ex-juiz Sergio Moro e os procurados da Operação Lava Jato, decidiu liberá-lo para julgamento, bem na véspera do recesso Judiciário. Um dia antes da data marcada, Mendes chegou a retirar o tema da pauta e nesta terça, após pedido da defesa de Lula, pôs a questão em análise, mas não o mérito.

O ministro estava diante de uma encruzilhada. É um contumaz crítico da Lava Jato, assim como do PT. Tinha de escolher de que lado estaria agora, da operação ou de Lula. Decidiu pelo meio do caminho: proporia adiar o julgamento do mérito e defenderia a libertação temporária do ex-presidente. Na sessão, Gilmar Mendes afirmou que tinha seu voto com relação ao mérito do processo preparado para ser apresentado. Não o fez porque alegou que não teria tempo hábil, eram 44 páginas para serem lidas e, depois dele, ainda votariam outros dois colegas. Ao mesmo tempo, ele defendeu o adiamento: argumentou que poderiam surgir "fatos novos" relacionados à crise do The Intercept. Disse até que a própria procuradora-geral, Raquel Dodge, manifestou "dúvida" a respeito da atuação de Sérgio Moro.

O papel de Celso de Mello e os próximos passos do 'The Intercept'

A jogada de Mendes, porém, não vingou. Apenas o ministro Ricardo Lewandovski o acompanhou em sua avaliação. Edson Fachin e Cármen Lúcia foram contrários e Celso de Mello selaria o destino contra a liberdade do petista, dizendo discordar da liminar de Mendes que ignoraria condenações de Lula em outras instâncias. Celso fez questão de frisar que não estava votando o mérito do caso, apesar de já ter o voto pronto, o que levantou especulações (ou esperanças no caso da defesa de Lula) de que ele poderia julgar diferente —e pró-Lula— caso o Supremo julgasse o mérito do caso. O principal motivo era um voto anterior de Celso de Mello, de 2013, quando ele considerou o Sergio Moro parcial no caso Banestado. Seja como for, o decano, ao contrário de Mendes e Lewandovski, levantou dúvidas sobre o material do The Intercept, dizendo que ainda não havia provas de que as mensagens não foram adulteradas.

Ainda não há data para a retomada do caso relativo a Moro. De todo modo, isso só ocorrerá após o fim do recesso do Judiciário. Entre os dias 2 e 31 de julho os ministros do STF estarão em férias. Já o site The Intercept e agora também a Folha prometem seguir publicando mais reportagens com base nas mensagens trocadas pelo procurador Dallagnol e por Moro. Seguirá também em curso também o inquérito da Polícia Federal que investiga a suposta invasão dos celulares das autoridades por hackers.

Antes de julgar o caso de Moro, a Segunda Turma julgou o HC que contrariava uma decisão unilateral do ministro Felix Fischer, do STJ (Superior Tribunal de Justiça). Os advogados diziam que o direito de defesa foi restringido. Neste caso, o placar acabou 4 a 1 contra o ex-presidente. Só Ricardo Lewandovski foi a favor do petista.

El País 

Eraldo Peres

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